Pesquisadores paulistas, do Instituto do Coração (InCor), ligado à Faculdade de Medicina da USP, na capital, começaram a testar em camundongos formulações de uma potencial vacina contra a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A expectativa dos pesquisadores é que os testes pré clínicos sejam concluídos no fim deste ano.
Essa é, no momento, a principal esperança no enfrentamento desta desoladora epidemia, que no Brasil mata atualmente uma pessoa por minuto. Segundo divulgou a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), já foram desenvolvidas três formulações de vacinas que estão sendo testadas em animais. Em paralelo, outras estão sendo formuladas, e ao final será identificada a melhor candidata. A ciência recorre ao método da tentativa e erro em seus ensaios, na expectativa de eliminar hipóteses e chegar a uma fórmula capaz de imunizar a população.
Ao acompanhar a evolução da resposta imunológica ao longo de meses, será possível identificar qual formulação de vacina, e em que concentração, é capaz de induzir a imunidade do animal ao longo do tempo e neutralizar o vírus. “ Esse acompanhamento contínuo também permitirá sabermos quantas doses da vacina serão necessárias para conferir imunidade ”, explicou um dos pesquisadores envolvidos. Os cientistas ressaltam que estão sendo muito cuidadosos com a realização dos testes e tentando responder ao máximo de questões possíveis para conseguir avançar com o rigor necessário no desenvolvimento de uma vacina realmente eficaz contra a covid-19.
De quebra, os cientistas paulistas também estão produzindo conhecimento e uma plataforma tecnológica que poderá ser útil para o desenvolvimento de vacinas 66 É extremamente útil, em momentos como este de pandemia, que haja cérebros e estruturas em universidades brasileiras ” » para outras doenças, como as causada pelos vírus zika e chikungunya. O combate a essas doenças tropicais, transmitidas por mosquito, poderá se beneficiar com os investimentos que estão sendo feitos no Incor, pressionados pela emergência da pandemia. No exterior, a Fundação Bill Melinda Gates contribuiu com US$ 750 milhões para a fabricação e distribuição de uma potencial vacina contra o novo coronavírus, que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Um contrato de licenciamento permitirá que países pobres recebam mais de um bilhão de doses, sendo 400 milhões antes de 2021. Muitos outros países, como a China, se esforçam para obter uma vacina contra a covid-19.
A corrida mundial resultou num alerta do secretário-geral da ONU, António Gut erres, que pediu uma `` vacina do povo ” contra o coronavírus que, uma vez desenvolvida, deve estar disponível para todos no planeta. O pronunciamento foi feito na abertura de reunião virtual internacional de arrecadação de fundos para a Aliança para a Vacina (GAVI). `` Uma vacina contra a COVID-19 deve ser vista como um bem público mundial, uma vacina para O povo ”, afirmou ele em uma mensagem de vídeo, na qual destacou que muitos líderes mundiais se declararam a favor da ideia. Todos esse cenário mostra a importância de se manter uma rede ativa de pesquisa científica no Brasil.
Os brasileiros poderão se beneficiar com o desenvolvimento de vacinas, medicamentos e protocolos de tratamento da comunidade científica internacional, mas é extremamente útil, em momentos como este de pandemia, que haja cérebros e estruturas ativas em universidades brasileiras, não apenas visando a autonomia nesse conhecimento, mas também a colaboração em parcerias com outros grupos internacionais focados na mesma meta, que é de interesse global.