O pesquisador Gustavo Cabral de Miranda contou, em entrevista ao Pânico nesta terça-feira (9), as novidades sobre o desenvolvimento da vacina brasileira contra a Covid-19. Ele lidera o grupo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que está buscando a vacina contra a doença causada pelo novo coronavírus.
Natural de um pequeno povoado no município de Tucano, no interior da Bahia, Cabral contou que entrou na faculdade para “sobreviver”. Desde os 8 anos de idade, o pesquisador ajudava os pais em feiras. Aos 15 anos, ele se mudou para a cidade de Euclides da Cunha, também na Bahia, e trabalhava em um açougue enquanto estudava. “Eu acordava 3h da manhã para ir ao açougue trabalhar e chegava em casa às 15h. Quando ia para a escola, à noite, dormia já na primeira aula”, disse.
Por causa da jornada de trabalho, ele ficou três anos na 8ª série e só conseguiu se formar no ensino médio aos 21 anos. Mas isso não o impediu de se graduar em Ciências Biológicas na UNEB (Universidade do Estado da Bahia) e fazer doutorado na Universidade de São Paulo (USP). O ápice veio com o pós-doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, uma das mais prestigiadas do mundo.
“Entrei [na universidade] numa época quando tinha investimento em ciência e tecnologia, em 2004”, disse Gustavo. “Isso é o que acaba com a ciência no Brasil, a gente tem picos de investimentos”, lamentou.
Ele defendeu a importância do investimento público em ciência e pesquisa. “Não importa se você é de esquerda ou direita, conhecimento é caro, e a gente precisa produzir conhecimento. Isso depende de instituto de pesquisa e universidade pública”, afirmou, lembrando que países de primeiro mundo “colocam pesquisa, ciência e inovação no topo”.