A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas confirmou nesta semana quatro mortes devido a febre maculosa em um surto ocorrido na Fazenda Santa Margarida, área rural às margens da Rodovia D. Pedro I, perto do Rio Atibaia, no distrito de Joaquim Egídio. A doença infecciosa é pouco conhecida do público geral, que é transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense ) infectado pelas bactérias Rickettsia rickettsii ou Rickettsia parkeri
De acordo com levantamento mais recente do Ministério da Saúde, de 2007 a 2021, foram notificados 36.497 casos da doença no Brasil, dos quais 7% foram confirmados, em uma média de 170 por ano nesse período.
Para explicar mais sobre a patologia, o diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), Álvaro Costa, esclarece que essa bactéria pode causar um quadro grave. “Esse carrapato pode estar em animais como cavalos, capivaras entre outros. A pessoa entra em risco de aquisição de doença quando frequenta algum local que tem esse carrapato com a bactéria. Maior parte dos casos nos últimos anos foram na região Sudeste do Brasil, mas pode acontecer em outros locais e o diagnóstico é muito difícil, porque os sintomas iniciais são muito parecidos com várias outras doenças infecciosas”, alerta.
Por isso, fique atento a sinais, como febre, dor no corpo, uma alteração na pele, especialmente na febre maculosa, há umas pintinhas que podem aparecer na palma e planta das mãos, por exemplo, e com uma evolução desse quadro pelo corpo, muito rapidamente.
De acordo com o especialista, a maioria dos casos é benigna, mas algumas pessoas podem evoluir para a forma mais grave, onde apresenta uma coagulação intravascular disseminada, em alguns territórios nobres, causando quadros muito graves.
“É importante quando manifestar esses sintomas e tiver uma história de contato com carrapato, ter a procura pelo serviço de saúde, porque o diagnóstico não é muito simples, os testes sorológicos são complexos”, informa ele.
Redução de riscos
“Ao se aventurar em regiões de mata e cachoeira, é importante estar ciente que estamos no período de reprodução do carrapato estrela, ocorrendo o risco de transmissão da febre maculosa através de sua picada. Caso em até 15 dias após este deslocamento, você apresente sintomas deve procurar atendimento médico o mais rápido possível”, afirma Tatiana Lang, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.
Embora a febre maculosa seja grave e com alta letalidade, é possível reduzir significativamente o risco de contrair a doença. Verificar com frequência se há algum carrapato preso ao seu corpo, usar roupas claras com manga longa, calça comprida e calçado fechado são algumas medidas efetivas para a proteção contra o carrapato transmissor, orienta a secretaria.
Alerta máximo
♦ Tente retirá-lo do corpo se você encontrar rapidamente;
♦ Quando for em áreas potencialmente onde tem esses animais, procure usar roupas de mangas longas;
♦ Pode também fazer uso de repelentes com o composto químico DEET;
♦ Se o tratamento for iniciado até 72h após os primeiros sintomas, a chance de cura é alta
Um estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) e divulgado na revista Parasites & Vectores , apoiado pela FAPESP, aponta uma proteína identificada no carrapato-estrela que pode ser alvo para uma futura vacina contra a febre maculosa.