Tornar as crianças agentes ativos na prevenção da febre maculosa brasileira e, assim, ajudar a combater o surto recente da doença no Estado de São Paulo é o objetivo de uma série de quatro animações criadas por pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). O material mira a faixa etária entre 6 e 12 anos e é acompanhado de um manual para educadores, com sugestões de atividades a serem realizadas antes e depois da exibição em sala de aula.
Produzidos em alta qualidade visual, os vídeos de dois minutos cada contaram com financiamento da FAPESP e foram desenvolvidos de forma interdisciplinar, graças a parcerias com pesquisadores das áreas de pedagogia (Portugal), psicologia e linguagem e comunicação de crianças (Barcelona).
“A série é fundamentada em bases teóricas e metodológicas e, por incluir atividades complementares, se mostra mais eficaz na promoção da saúde, podendo contribuir com a mudança de hábitos em longo prazo”, explica Gabriela Rodrigues Bragagnollo, pesquisadora da EERP-USP e autora do trabalho.
“Optamos por trabalhar com crianças, uma vez que elas costumam brincar em áreas de risco e entrar em contato com o carrapato-estrela [transmissor da bactéria Rickettsia rickettsii, que causa a febre maculosa brasileira] e devem estar conscientes da importância da auto-inspeção, que é a busca do aracnídeo no corpo para a retirada correta, que evita a contaminação”, diz Beatriz Rossetti Ferreira, veterinária, professora de Parasitologia Humana e Patologia Geral da EERP-USP e coordenadora do trabalho. “Além disso, as crianças podem ajudar a levar o conhecimento para os pais e a família – há diversas referências na literatura sobre seu papel como sujeitos ativos, que questionam, participam e são empoderados, durante o processo de construção do conhecimento.”