Saiba também sobre a estratégia inusitada de cientistas para criar uma vacina
Nos últimos dias, o Departamento de Zoonoses de Cotia tem recebido diversas dúvidas de moradores sobre carrapatos e sobre a febre maculosa em função das últimas ocorrências relacionadas à doença na cidade de Campinas.
Como Prevenir?
O carrapato-estrela pode ser encontrado em animais de grande porte, além de cães, aves domésticas, gambás, coelhos e, especialmente, capivaras.
Capivaras, os hospedeiros mais frequentes, são raras nesta região de Cotia. Algumas já foram vistas em pontos mais próximos a rios e córregos.
Ao andar em locais assim com maior probabilidade de se encontrar carrapatos, verificar com frequência se há algum carrapato preso ao corpo, usar roupas claras com manga longa, calça comprida e calçado fechado.
Se já andou, a orientação é monitorar o eventual aparecimento de sintomas (ainda que febre isolada) dentro de um período de 14 dias após a possível exposição.
Conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são: febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas.
Caso apareçam sinais ou sintomas, é bom procurar o médico e informar sobre a exposição, o que poderá contribuir para um eventual tratamento em tempo oportuno.
Também é bom de evitar levar seu pet para lugares com mais probabilidade de se encontrar carrapatos. Apesar de não ser a espécie mais encontrada em cachorros, o carrapato-estrela pode estar provisioriamente em cães.
É importante adotar medidas de controle de carrapatos; além do uso de carrapaticidas, o local onde o cão é abrigado deve ser limpo constantemente e deve ser feita a verificação detalhada na pelagem do animal para verificar se não há hospedeiro.
Pensando nisso, foi preparado um relatório listando os principais tipos de carrapatos encontrados em Cotia e os cuidados que a população deve ter.
Confira o documento completo AQUI.
Vacina à vista: uma solução aguardada
As estatísticas do último boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, compiladas pela BBC News Brasil, mostram que, entre 2012 e 2022, foram notificados 2.209 casos e 753 mortes por febre maculosa no país.
Andrea Fogaça, professora associada do Departamento de Parasitologia do ICB-USP, identificou uma proteína no carrapato-estrela que virou alvo de uma potencial vacina.
Para Fogaça, um futuro imunizante contra a febre maculosa traria mais de um benefício à sociedade.
"Em primeiro lugar, falamos de algo importante para a saúde pública, pois reduziríamos a população de carrapatos e, por consequência, o número de casos e mortes por febre maculosa", explica.
"Mas há um aspecto econômico também. Isso porque o carrapato-estrela tem sido observado cada vez mais em rebanhos bovinos e isso diminui a produtividade das fazendas ", complementa a cientista.
Uma solução para eliminar os carrapatos-estrela, portanto, seria muito bem-vinda para as criações de gado.
A boa notícia é que o desenvolvimento de imunizantes para uso veterinário envolve menos etapas — o que pode acelerar a transição do projeto entre a bancada do laboratório e a disponibilização comercial das doses.
Fogaça também especula possíveis caminhos para a imunização de animais silvestres, como as capivaras e os gambás.
Uma estratégia seria desenvolver iscas de alimentos "turbinados" com a vacina e distribuí-las pelas regiões onde a doença é endêmica — como o interior de São Paulo, a zona serrana do Rio de Janeiro e o centro de Minas Gerais.
Esse modelo já é usado na prática para evitar certas doenças infecciosas em raposas na América do Norte.
"Neste caso, dependeríamos de um apoio das instituições de saúde pública para desenvolver estratégias para a proteção dos animais silvestres contra os carrapatos", conclui Fogaça.
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