Foi lançado ontem, em cerimônia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalg), o projeto SparcBio (São Paulo Advanced Research Center for Biological Control), cujo foco está no desenvolvimento de um novo modelo de manejo de controle de pragas e doenças para a agricultura brasileira.
A iniciativa selou parcerias com instituições do país e estrangeiras. Além da Esalg, encabeçam a empreitada a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a Koppert Biological Systems.O grupo deve investir R$ 40 milhões nos próximos anos em um centro de pesquisas, instalado no Departamento de Entomologia e Acarologia, da universidade.
Uma agricultura mais sustentável é o que pretende o SparcBio, e isso será trabalhado por meio de uma série de abordagens.Uma delas será redesenhar a cultura dos produtores rurais, como salienta o professor José Roberto Post ali Parra, diretor do projeto.
`` O agricultor fala: meu avô aplicava inseticida, meu pai aplicava inseticida, então, vou aplicar inseticida ”. Existe esse problema cultural, e isso é duro ”, explica. `` Mostraremos o que é controle biológico e como se faz .
” A tarefa, portanto, será reeducar. Além de produtores rurais, Parra salienta que as informações precisam chegar de forma correta a outros setores, como a mídia, e à população. Lançamento Gerhard Waller Projeto SparcBio (São Paulo Advanced Research Center for Biological Control) foi lançado na Esalg 2 Agricultura sustentável Henrique Ingle z de Souza gazeta de Piracicaba x Professor José Roberto Post ali Parra, diretor do projeto.
`` Eu diria que há um desconhecimento total em relação a controle biológico. O pessoal não tem noção ”, afirma o professor, que é uma das autoridades brasileiras no assunto. `` Tem até gente radical que atrapalha muito. São os que dizem que controle biológico será a solução de todos os problemas.
'' O diretor do SparcBio avalia que o controle biológico vem angariando mais espaço. Porém, não substituirá completamente os agroquímicos. `` Não resolverá tudo, de uma vez. Então, esse radicalismo é ruim ”.
A técnica abraçada pelo projeto recém-lançado é quase totalidade em algumas culturas, como a da cana-de-açúcar. Entretanto, em outras, ainda está incipiente.
Um dos problemas atuais é a falta de disponibilidade de insumo biológico. Ou seja, não haveria produtos o suficiente para dar conta de uma eventual grande demanda.
`` E por aí que temos que incentivar ”, completa Parra. `` Precisamos mostrar o que é controle biológico, para que tenhamos empresas que produzam e ofertem ao agricultor quando ele quiser. ”
Bala na agulha Entre as linhas de pesquisa exploradas pelo SparcBio estão a descoberta de novos agentes biológicos de controle, o desenvolvimento de novas tecnologias e a geração de conhecimento em manejo integrado de pragas e doenças.
O centro promoverá a transferência de conhecimento para empresas e também para a sociedade. Algo como dar a vara e ensinar a pescar. Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) são algumas das parceiras brasileiras. Do exterior, participam pesquisadores de instituições como University of Minnesota e University of California (EUA), Institut National de la Recherche Agronomique/INRA (França) e University of Copenhagen (Dinamarca).
O SparcBio quer, ainda, estreitar a interação entre os estudos que desenvolve com o sistema educacional dos níveis fundamental e médio.
Investimentos Os investimentos no SparcBio virão da Fapesp, por meio do programa Centros de Pesquisa em Engenharia, e pela Koppert. Como contrapartida, a Esalg proporcionará recursos para infraestrutura de pesquisa e custos de pessoal.
`` E um projeto inovador no Brasil, o primeiro modelo de parceria público-privada no setor de controle biológico ”, destaca o diretor industrial da Koppert, Danilo Pedrazzoli. Ele continua: `` O centro nasceu de uma demanda da própria comunidade científica no levantamento das necessidades e carências do setor investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.'
Ainda sobre o quê inovador do projeto, Pedrazzoli ressalta que a técnica é uma alternativa nova e atrativa ao setor de proteção de cultivos. “ O Brasil tem um modelo agrícola que por muitos anos dependeu do controle químico para pragas e doenças. Isso gera problemas técnicos, como espécies resistentes. O controle biológico vem para quebrar essa resistência. ”