O resultado é preocupante: Trata-se de uma cepa resistente a todos os antibióticos disponíveis. Ela havia sido detectada anteriormente nos Estados Unidos, e sua circulação no Brasil mostra que há um risco real de o patógeno se espalhar pelo mundo.
"Ela é tão versátil que se adapta às mudanças de tratamento, já que adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou pela combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial," disse o professor Nilton Lincopan.
A bactéria faz parte de um grupo de microrganismos classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como de "prioridade crítica", uma classificação que contempla bactérias com escassas opções terapêuticas disponíveis e que merecem medidas de contenção para não serem disseminadas, além de terem prioridade para a pesquisa e desenvolvimento de novos antimicrobianos.
Quando encontram cepas multirresistentes como essa, os serviços de saúde devem notificar a vigilância epidemiológica local. O paciente deve ser isolado e a equipe que o trata deve tomar cuidados redobrados para não transmitir a bactéria para outros pacientes.
Cuidados dos pacientes
Além do monitoramento permanente das cepas bacterianas encontradas nos hospitais, os pesquisadores ressaltam a importância da prescrição racional dos antibióticos. Para os pacientes, a mensagem é que, quando tiverem antibióticos prescritos para si, façam o tratamento até o fim, mesmo que se sintam bem após dois ou três dias. A prática também evita o surgimento de cepas resistentes.
"Como patógeno oportunista, em pacientes com imunidade normal a bactéria pode nem causar doença. Mas, em pessoas com imunidade baixa, pode ocasionar infecções graves. Em nível hospitalar, pacientes internados em unidades de terapia intensiva [UTIs] ou em tratamento para outras patologias podem adquirir infecção secundária, como pneumonia. Sem tratamentos disponíveis e com o sistema imune deprimido, muitas vezes podem ir a óbito," esclareceu Lincopan.