A crescente crise da poluição por plásticos continua a alarmar ambientalistas e cidadãos em todo o mundo, com o Brasil se destacando como um dos principais poluidores globais. Um recente relatório da ONG Oceana revela que o país despeja anualmente aproximadamente 1,3 milhões de toneladas de plástico em seus oceanos, equivalendo ao peso de 1,3 milhões de carros pequenos afundados a cada ano. Com esses números, o Brasil ocupa o oitavo lugar na lista dos maiores poluidores do planeta e é o campeão da América Latina, contribuindo com 8% da poluição plástica global. Esse cenário crítico coloca em risco não apenas a biodiversidade marinha, mas também a saúde pública.
A pesquisa, intitulada “Um Oceano Livre de Plásticos – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil”, destaca que 1,5 mil espécies de animais marinhos estão sendo impactadas pela contaminação plástica. O estudo aponta que, anualmente, cerca de 100 mil aves e mamíferos morrem devido à ingestão de sacolas plásticas, um problema que se agrava com a presença de microplásticos nos ecossistemas aquáticos. Esses fragmentos, cada vez mais presentes nos organismos marinhos, causam desnutrição, diminuição da imunidade e até a morte dos animais. Para as tartarugas-verdes, a ingestão de plástico eleva o risco de definhamento em até 450% com cada grama consumida.
As preocupações aumentam quando se considera que os microplásticos estão se infiltrando na cadeia alimentar humana. Um estudo recente revelou que 90% das espécies de peixes mais consumidas globalmente apresentam microplásticos em seus organismos. No Brasil, essa contaminação é alarmante, já que 98% dos peixes analisados nos rios da Amazônia apresentaram microplásticos em suas brânquias e intestinos. Essa realidade transforma a poluição por plásticos em uma questão de saúde pública, já que os seres humanos consomem peixes contaminados, colocando em risco sua saúde e bem-estar.
Diante dessa crescente preocupação e do impacto devastador da poluição por plásticos, a urgência para a implementação de políticas e ações efetivas no Brasil se torna crítica. O Projeto de Lei (PL) 2524/2022, atualmente em tramitação na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, busca abordar essa crise. Apoiado por mais de 80 organizações da sociedade civil, o projeto visa implementar uma Economia Circular do Plástico, promovendo práticas de reutilização e reciclagem para reintegrar o plástico no ciclo de produção e consumo. Ademilson Zamboni, diretor-geral da Oceana, ressalta que o Brasil, apesar de ser o maior produtor de plástico na América Latina, ainda tem a oportunidade de se destacar no combate à poluição plástica, se medidas adequadas forem adotadas rapidamente.
A poluição por plásticos transcende fronteiras, afetando toda a cadeia alimentar e ameaçando a vida marinha, além de comprometer a saúde dos humanos que consomem produtos contaminados. Com a pressão social e ambiental crescendo, espera-se que o governo brasileiro tome decisões decisivas para proteger seus mares e rios, garantindo um futuro mais sustentável para as próximas gerações. A hora de agir é agora, e a sociedade civil deve se mobilizar para exigir ações concretas em defesa do meio ambiente e da saúde pública.