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REALIDADE VIRTUAL COMO ALIADA DA SAÚDE (26 notícias)

Publicado em 19 de fevereiro de 2021

Por Revista Torta

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Aacidente Vvascular Ccerebral (AVC) em conjunto com o infarto, contabilizam mais de 30% das mortes em todo o mundo. O AVC é uma doença que, na maioria das vezes, impede o retorno ao trabalho e torna os pacientes dependentes.

O Acidente Vascular Cerebral caracteriza-se pelo entupimento de uma veia no cérebro que impossibilita a circulação de sangue. Se o plasma não chegar aos tecidos, eles sofrem com a falta de suprimento sanguíneo, ou seja, do oxigênio e da glicose (AVC isquêmico).

Em caso de rompimento da veia no cérebro, ocorre uma hemorragia que irriga demasiadamente a região do ferimento (AVC hemorrágico). Em todo caso, o que ocorre é a morte da área afetada, isso gera a perda das habilidades que aquela determinada região era responsável por comandar no corpo da pessoa.

O tratamento das vítimas de AVC inclui terapias motoras que visam reabilitar funções e ajudar o paciente a recuperar aptidões. Atuando no mesmo propósito, um aplicativo de realidade virtual nasce como um aliado às formas convencionais de reabilitação.

O professor Adriano Yacubian da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)e da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à Revista Torta, nos ajuda a entender melhor esse órgão.

O cérebro tem várias áreas especializadas que desempenham funções específicas. Assim, existe uma região que comanda as funções motoras, outra fica responsável pela fala, há o departamento da sensibilidade, o da visão, da compreensão, entre tantas outras.

Em meio a esses setores singulares, encontram-se também as regiões de associação, que não possuem uma atividade específica, mas ficam a cargo de interligar as outras regiões do cérebro, o que as tornam tão importantes quanto aquelas de função delimitada.

O CÉREBRO SE RECUPERA APÓS UMA LESÃO?

Yacubian explica que o tratamento ideal para o AVC é quando, ao perceber que o paciente está tendo uma isquemia (quando um órgão não está recebendo sangue o suficiente) , aplica-se substâncias?—?nas primeiras 3 horas?—?que tentarão desentupir o vaso sanguíneo, evitando a necrose.

Entretanto, quando o acidente vascular acontece e a pessoa fica um lado do corpo parasilado, ela perde a capacidade de expressão ou compreensão, significa que houve uma lesão estrutural no cérebro e nos neurônios.

Mesmo que a Ciência tenha descoberto que a neurogênese é real, ou seja, a capacidade do corpo humano de produzir novos neurônios, essas novas células responsáveis pelos impulsos nervosos não são capazes de se organizar de maneira tão específica e detalhada como antes. Nesse sentido, o professor chama atenção para a plasticidade neural:

“A reabilitação se dá graças à capacidade que o cérebro tem de que outras áreas, vizinhas ou distantes da que foi lesada, sejam treinadas e assumam a função de uma região que foi perdida”.

Por exemplo: se o paciente teve um AVC na área da linguagem e não consegue mais se expressar, com a reabilitação, ele poderá estimular o cérebro a recriar conexões e enfim voltar a falar.

COMO A REALIDADE VIRTUAL PODE AJUDAR?Tabagismo e Diabetes são alguns dos fatores de risco para que ocorra o acidente vascular cerebral.|| Foto: Reprodução/Pixabay

Um estudo desenvolvido por Alexandre Brandão, Doutor em Biotecnologia, intitulado “Biomechanics Sensor Node for Virtual Reality: A Wearable Device Applied to Gait Recovery for Neurofunctional Rehabilitation” (Sensor Biomecânico para Realidade Virtual: Um Dispositivo Vestível Aplicado à Recuperação da Marcha para Reabilitação Neurofuncional), resultou na criação de um dispositivo que propõe o uso da realidade virtual no tratamento para AVCs.

O dispositivo, chamado Biomechanics Sensor Node (BSN), consegue coletar os dados dos usuários (por meio de um sensor) e projetar ambientes virtuais controlados. O software usado no programa integra dois aplicativos: o próprio BSN e o Unity Editor (usado para a construção da realidade virtual).

A ideia principal do aplicativo é ajudar a estimular a recriação de conexões cerebrais que foram perdidas. Com o dispositivo ligado ao tornozelo , o paciente ao tentar levantar a perna, verá na tela o movimento completo, mesmo que ele o tenha feito pela metade.

A sensação despertada pela visão de conseguir completar a ação “levantar a perna”desencadeia um estímulo maior no cérebro, “e isso tem o potencial de ativar mais redes neuronais do que a terapia mecânica convencional”, explica Brandão, em entrevista à Agência Fapesp.

Yacubian vai ao encontro de Brandão, o professor acredita ser interessante esse método exatamente por essa organização cerebral que o paciente faz ao observar o movimento na realidade virtual ser importante para aumentar as regiões envolvidas na reabilitação.

O entrevistado ainda acrescenta que as expectativas para a pesquisa nessa área são muito promissoras e acredita que os investimentos continuarão vindo para maximizar a reabilitação de pessoas com AVC.