Pesquisa da Unicamp fomentada pela Fapesp tem apresentado benefícios na recuperação de pacientes acometidos por AVC e doenças degenerativas
Mais conhecida por jogos de videogame e entretenimento digital, a realidade virtual tem apresentado benefícios na recuperação de pacientes acometidos por AVC (acidente vascular cerebral) ou doenças degenerativas.
Os benefícios foram apontados pela pesquisa de Alexandre Brandão, pesquisador no Instituto de Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Segundo o estudo, a imersão proporcionada pelo mundo virtual - que estimula o sistema visual e auditivo - promove e intensifica o trânsito de informações no sistema nervoso central do paciente.
"A expectativa é que isso aumente a conectividade cerebral, ao estimular novas conexões neurais necessárias para recuperar as perdas causadas pelas lesões ou pela própria condição clínica do paciente", afirmou o pesquisador, que desenvolveu o estudo com o auxílio de uma bola de pós-doutorado da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
COMO FUNCIONA
A pesquisa criou um sensor biomecânico, capaz de capturar os dados do usuário e o controlar o ambiente virtual, e um software que o integra ao Unity, um dos programas mais populares atualmente na construção de ambientes digitais.
"A união entre o dispositivo e o software permite que pacientes em processo de recuperação motora interajam com ambientes de realidade virtual ao mesmo tempo em que os terapeutas têm acesso aos dados dos movimentos realizados durante a sessão", disse o pesquisador.
O sensor é acoplado ao tornozelo do paciente para detectar movimentos relativos à marcha estacionária e do rastreamento corporal nos três planos de movimento.
Capturados estes dados so paciente, eles são processados e enviados a um celular, que permite controlar um avatar que repete ester movimentos em um ambiente virtual.
"Os movimentos reais do paciente podem ser muito restritos, com pouca amplitude. Mas, no contexto virtual, os dados captados e processados geram movimentos completos do avatar. A informação visual provoca no paciente a impressão de que ele consegue realizar esses movimentos completos. E isso tem o potencial de ativar mais redes neuronais do que a terapia mecânica convencional", explicou.
Ele conta ainda que exames de ressonância magnética indicam que o procedimento com o sensor e o ambiente virtual ativaram áreas específicas do cérebro, associadas a estes movimentos físicos.
Agora, o próximo passo, é mensurar em testes clínicos qual é o ganho funcional na recuperação motora dos pacientes.
PRÊMIO
O estudo de Brandão foi premiado como a melhor pesquisa na área de realidade virtual na 20ª Conferência Internacional em Ciências de Computação e suas Aplicações.
*com informações da Agência Fapesp