A parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Polícia Federal (PF) para verificar a autenticidade e o valor de obras de arte apreendidas mostra a importância do conhecimento produzido na academia para o desenvolvimento da sociedade.
No último ano, mais de 300 solicitações de análise foram feitas na investigação de desvios ou roubos de museus e acervos artísticos nacionais. A cooperação com o Laboratório de Ciência da Conservação permitirá o desenvolvimento de unidades especializadas no exame e guarda de esculturas, quadros, imagens e outras peças com critério científico e precisão. Além disso, a Polícia Federal se beneficiará do acesso a redes internacionais de análise de acervos culturais, ampliando sua capacidade de investigação de um crime que, segundo o FBI, a polícia federal norte-americana, movimenta entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões, mas cujo alcance pode ser ainda maior, justamente pela dificuldade de estabelecer os valores exatos do acervo roubado.
Mas esta não é a única ponte entre as instituições de ensino superior e a sociedade civil. Segundo dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o número de artigos científicos publicados em parceria com empresas privadas vem crescendo 14% ao ano desde a década de 1980. Trata-se de produção de conhecimento especializado produzido ao lado de conglomerados como Petrobras, Novartis, IBM e Embraer para o desenvolvimento de setores essenciais para a economia do país.
De acordo com dados da Clari vate Analytics, somente na UFMG foram elaborados 647 trabalhos em coautoria com empresas. Estas são iniciativas que mostram como é míope a visão de que as universidades públicas são redutos de ineficiência e balbúrdia e como é necessário investir e valorizar o saber que elas produzem.