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A Tarde (BA)

Desvendando o genoma (1 notícias)

Publicado em 09 de março de 2008

Por Fabiana Mascarenhas

Genes, cromossomos, DNAs. Palavras que parecem códigos indecifráveis para algumas pessoas, mas que na verdade tem muito mais a ver com o ser humano e tudo aquilo que nos rodeia do que, de fato, realmente é possível imaginar.

Mas, os soteropolitanos que não sabem o que são e para que servem os genes, cromossomos e DNAs terão a oportunidade de se informar sobre o mundo dos genomas de uma maneira lúdica e interativa. Salvador está entre as 10 cidades que receberão a exposição Revolução Genômica que usa elementos interativos para explicar o impacto das descobertas sobre o genoma na medicina, na agricultura e no cotidiano.

Criada pelo Museu de História Natural de Nova York, a mostra foi inaugurada dia 29 de fevereiro no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. "Trata desde o estudo dos genes e suas funções até campos fundamentais de biologia molecular, genética, seus impactos na ciência e na tecnologia modernas", explicou a diretora da exposição Bianca Rinzler em coletiva realizada em São Paulo no dia anterior a inauguração.

A exposição, instalada em uma área de dois mil metros quadrados, foi trazida ao Brasil por intermédio do Instituto Sangari — empresa que busca fortalecer a educação científica no Brasil —, que espera receber 600 mil visitantes.

O orçamento foi de R$ 4,5 milhões, segundo os organizadores do evento.

A mostra permanecerá em São Paulo até o dia 13 de julho. Os ingressos custam R$ 14 e R$ 7 (meia). A previsão é de que a exposição chegue em Salvador no segundo semestre deste ano.

Além da capital baiana, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Belém e Manaus também serão sedes da mostra.

A exposição foi inaugurada no Museu de História Natural de Nova York em 2001 e visitada por mais de 800 mil pessoas no exterior.

Além de Nova York, percorreu outras cidades norte-americanas, passou pela Nova Zelândia e Hong Kong e agora chega a São Paulo.

Mas a espera dos brasileiros valeu a pena. Primeiro porque, nestes últimos sete anos, a exposição foi aprimorada. Segundo porque os organizadores criaram um bloco dedicado às descobertas e aos avanços do Brasil na área, incluindo as pesquisas em biodiversidade.

PASSEIO — A exposição é o que podemos chamar de um passeio do macro (a biodiversidade) ao micro (o núcleo de uma célula). A mostra é dividida em três células: O Salão da Biodiversidade, A Era do Genomae, por fim, O Brasil e a Genética dos Alimentos.

A aventura pelo mundo do genoma começa em um salão que apresenta a diversidade de plantas e animais existentes, utilizados para mostrar como o DNA age na formação de organismos variados. Em seguida, o visitante ultrapassa o microscópio, mergulha em uma célula e investiga as partes que a compõem até encontrar o material genético empacotado no núcleo, o DNA.

A terceira e última parte mostra os estudos brasileiros sobre a aplicação do conhecimento genômico nos alimentos, a exemplo de produtos agrícolas e o seqüenciamento da bactéria Xylella fastidiosa, praga que atinge plantações de laranja.

De acordo com o paleontólogo Niles Eldredge, da curadoria do Museu de História Natural de Nova York, a mostra de São Paulo está sendo montada como em Nova York, mas com o acréscimo de contribuições singulares do Brasil.

"A montagem deu uma dimensão mais ampla à mostra, colocando em perspectiva a relação entre genômica e biodiversidade", afirmou. Para o diretor de exposições itinerantes do Museu, Alan Draeger, "a exposição aqui é maior e mais espetacular do que foi em outros lugares".

Evento didático e interativo

A exposição conta com educadores, pessoas formadas na área de biologia, que durante todo o passeio dão explicações sobre o tema.

De acordo com a professora aposentada do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP), Eliana Beluzzo Dessen, que assina a curadoria da exposição junto com a jornalista Mônica Teixeira, assessora do Núcleo de Educação da Fundação Padre Anchieta e autora do livro O projeto Genoma Humano, a linguagem foi desenvolvida tendo como foco em alunos do ensino médio.

"Sabemos que, por causa da abstração que envolve a genômica, os estudantes têm grande dificuldade para compreender. Por isso, buscamos associar a informação didática e maneiras de que o público pudesse interagir para tornar o aprendizado mais fácil ", explicou.

Segundo Eliana, monitores foram treinados e serão oferecidas palestras e material em português para que professores do ensino médio possam se preparar para dar explicações a seus alunos durante a visita.

O espaço da exposição Revo lução Genômica também abrigará, nos finais de semana, um amplo ciclo de palestras relacionadas ao tema, com organização da revista Pesquisa Fapesp.

Junto com o Insituto Sangari, o Museu de História Natural de Nova York ainda pretende trazer ao Brasil mais cinco exposições até 2010 na seguinte ordem: Einstein, Água, Mudanças Climáticas, Mamíferos Extremos e Dinossauros.