Genes, cromossomos, DNAs. Palavras que parecem códigos indecifráveis para algumas pessoas, mas que na verdade tem muito mais a ver com o ser humano e tudo aquilo que nos rodeia do que, de fato, realmente é possível imaginar.
Mas, os soteropolitanos que não sabem o que são e para que servem os genes, cromossomos e DNAs terão a oportunidade de se informar sobre o mundo dos genomas de uma maneira lúdica e interativa. Salvador está entre as 10 cidades que receberão a exposição Revolução Genômica que usa elementos interativos para explicar o impacto das descobertas sobre o genoma na medicina, na agricultura e no cotidiano.
Criada pelo Museu de História Natural de Nova York, a mostra foi inaugurada dia 29 de fevereiro no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. "Trata desde o estudo dos genes e suas funções até campos fundamentais de biologia molecular, genética, seus impactos na ciência e na tecnologia modernas", explicou a diretora da exposição Bianca Rinzler em coletiva realizada em São Paulo no dia anterior a inauguração.
A exposição, instalada em uma área de dois mil metros quadrados, foi trazida ao Brasil por intermédio do Instituto Sangari — empresa que busca fortalecer a educação científica no Brasil —, que espera receber 600 mil visitantes.
O orçamento foi de R$ 4,5 milhões, segundo os organizadores do evento.
A mostra permanecerá em São Paulo até o dia 13 de julho. Os ingressos custam R$ 14 e R$ 7 (meia). A previsão é de que a exposição chegue em Salvador no segundo semestre deste ano.
Além da capital baiana, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Belém e Manaus também serão sedes da mostra.
A exposição foi inaugurada no Museu de História Natural de Nova York em 2001 e visitada por mais de 800 mil pessoas no exterior.
Além de Nova York, percorreu outras cidades norte-americanas, passou pela Nova Zelândia e Hong Kong e agora chega a São Paulo.
Mas a espera dos brasileiros valeu a pena. Primeiro porque, nestes últimos sete anos, a exposição foi aprimorada. Segundo porque os organizadores criaram um bloco dedicado às descobertas e aos avanços do Brasil na área, incluindo as pesquisas em biodiversidade.
PASSEIO — A exposição é o que podemos chamar de um passeio do macro (a biodiversidade) ao micro (o núcleo de uma célula). A mostra é dividida em três células: O Salão da Biodiversidade, A Era do Genomae, por fim, O Brasil e a Genética dos Alimentos.
A aventura pelo mundo do genoma começa em um salão que apresenta a diversidade de plantas e animais existentes, utilizados para mostrar como o DNA age na formação de organismos variados. Em seguida, o visitante ultrapassa o microscópio, mergulha em uma célula e investiga as partes que a compõem até encontrar o material genético empacotado no núcleo, o DNA.
A terceira e última parte mostra os estudos brasileiros sobre a aplicação do conhecimento genômico nos alimentos, a exemplo de produtos agrícolas e o seqüenciamento da bactéria Xylella fastidiosa, praga que atinge plantações de laranja.
De acordo com o paleontólogo Niles Eldredge, da curadoria do Museu de História Natural de Nova York, a mostra de São Paulo está sendo montada como em Nova York, mas com o acréscimo de contribuições singulares do Brasil.
"A montagem deu uma dimensão mais ampla à mostra, colocando em perspectiva a relação entre genômica e biodiversidade", afirmou. Para o diretor de exposições itinerantes do Museu, Alan Draeger, "a exposição aqui é maior e mais espetacular do que foi em outros lugares".
Evento didático e interativo
A exposição conta com educadores, pessoas formadas na área de biologia, que durante todo o passeio dão explicações sobre o tema.
De acordo com a professora aposentada do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP), Eliana Beluzzo Dessen, que assina a curadoria da exposição junto com a jornalista Mônica Teixeira, assessora do Núcleo de Educação da Fundação Padre Anchieta e autora do livro O projeto Genoma Humano, a linguagem foi desenvolvida tendo como foco em alunos do ensino médio.
"Sabemos que, por causa da abstração que envolve a genômica, os estudantes têm grande dificuldade para compreender. Por isso, buscamos associar a informação didática e maneiras de que o público pudesse interagir para tornar o aprendizado mais fácil ", explicou.
Segundo Eliana, monitores foram treinados e serão oferecidas palestras e material em português para que professores do ensino médio possam se preparar para dar explicações a seus alunos durante a visita.
O espaço da exposição Revo lução Genômica também abrigará, nos finais de semana, um amplo ciclo de palestras relacionadas ao tema, com organização da revista Pesquisa Fapesp.
Junto com o Insituto Sangari, o Museu de História Natural de Nova York ainda pretende trazer ao Brasil mais cinco exposições até 2010 na seguinte ordem: Einstein, Água, Mudanças Climáticas, Mamíferos Extremos e Dinossauros.