Comédia criada para comemorar os 20 anos da Cia Bendita Trupe, dirigida por Johana Albuquerque, Protocolo Volpone – Um Clássico em Tempos Pandêmicos foi o 1º espetáculo presencial a estrear na pandemia, na abertura da fase verde, antes da chegada da vacina, em São Paulo. Convertendo todos os protocolos de segurança em procedimentos e linguagem cênica, o espetáculo recebeu um público restrito de 20 pessoas por sessão, abrigadas em cabines plásticas higienizadas e individuais, que garantiram isolamento e proteção à plateia.
Agora, com a segunda onda da pandemia em 2021, o grupo ganhou o Prêmio de Histórico de Grupo do PROAC LAB, para compartilhar apresentações online da filmagem e edição em 04 câmeras do espetáculo, que ocorreu a céu aberto no Estacionamento do Teatro Arthur Azevedo, em novembro de 2020.
Como o formato presencial com protocolos só permitia a entrada de 20 pessoas por sessão, muitos espectadores não conseguiram ver a peça. Por este motivo, a Bendita Trupe prepara esta pequena temporada online com 08 apresentações, de 14 de maio a 05 de junho, sempre as sextas e sábados, as 20h, na qual apresenta a filmagem da peça, com opção de legendas em três línguas (português, inglês e espanhol), no intuito de que espectadores de outros países possam também acompanhar o projeto.
Visando ainda fomentar a discussão sobre as relações entre artes cênicas, cultura e pandemia, como também, estar de forma ao vivo com os espectadores, acontecerão 04 debates através do Zoom, sendo transmitidos ao vivo pelo Youtube/Protocolo Volpone e pelo Facebook da Bendita Trupe. Os debates acontecerão seguidos de roda de perguntas do público via chat, que acompanhará ao vivo a transmissão. Os debates serão realizados as segundas às 18h30, com duas horas de duração, de 17 de maio a 07 de junho, com os seguintes temas e participantes:
Debate 01 – 17/05 – O artista na linha de frente da Pandemia, com a Bendita Trupe – Mediação Ruy Cortez (diretor da Cia. da Memória)
Debate 02 – 24/05 -A gestão cultural na Pandemia, com Pedro Granato (SMCSP / Teatro Pequeno Ato) e Johana Albuquerque (idealizadora do projeto)
Debate 03 – 31/05 – Ben Jonson: a comédia da ganância ontem e hoje, com Marcos Daud (tradutor e adaptador Protocolo Volpone) e Ricardo Cardoso (Shakespeare Institute, USP / FAPESP) – Mediação Joca Andreazza (ator do espetáculo)
Debate 04 – 07/06 – Teatro na pandemia: o olhar crítico. Com Valmir Santos (Teatro Jornal) e Kil Abreu (Cena Aberta + curador de teatro CCSP) – Mediação Cacá Toledo (assistente de direção do espetáculo).
Todos os debates ficarão disponíveis no canal do youtube de Protocolo Volpone para quem não puder acompanhar a transmissão ao vivo.
A Bendita Trupe deseja inspirar espectadores e artistas de muitos territórios a ousarem estabelecer novos experimentos cênicos protocolares, assim que houver uma melhora no quadro atual que permita a tão esperada abertura.
Trata-se de uma adaptação de Volpone, a comédia da ganância, de Ben Jonson, contemporâneo de Shakespeare, um dos textos mais encenados no Reino Unido. O texto ganha uma versão enxugada pelo austríaco Stefan Zweig, nos anos 1920, a partir da qual Marcos Daud fez a versão atualizada para o contemporâneo. Volpone é um homem sem filhos, especialista na arrecadação de riquezas e, para mais acumular, finge estar agonizante e diverte-se com o desfile de bajuladores que, na expectativa de serem contemplados em seu testamento, o enchem de favores e se prestam a todas as humilhações. É uma comédia clássica, com uma embocadura de linguagem aparentemente de época, mas também divertida, cáustica e popular.
O texto foi encenado pelo Teatro Brasileiro de Comédia nos anos 1950, e Décio de Almeida Prado, crítico que ajudou a formar o público do TBC, assim descreve o texto: ‘Voltore’, ‘Corvino’, ‘Corbaccio’ – Ben Jonson não teria reunido assim esse bando de aves de rapina, em torno de Volpone, a astuta raposa velha, se não pretendesse escrever a mais estranha e inesperada das comédias: “a comédia da morte”.
A letra da música “Oh, Veneza, Terra dos Sonhos”, escrita especialmente por Bertolt Brecht para uma montagem deste texto pela diretora Elizabeth Hauptmann, em 1952, serviu de inspiração para a abertura deste espetáculo.
SERVIÇO
Protocolo Volpone, Um Clássico em Tempos Pandêmicos
De 14 de maio a 05 de junho, sextas e sábados às 20h.
Duração do espetáculo: 120 min
Ingresso: Gratuito
Local: Canal do Youtube/Protocolo Volpone
Debates: Dias 17/05, 24/05, 31/05 e 07/06, segundas-feiras das 18h30 às 20h30.
Ingresso: Gratuito
Onde: Canal do Youtube/Protocolo Volpone e Facebook Bendita Trupe
Solano, vento forte africano de forma online
Apresentando peça sobre trajetória humana e artística de Solano Trindade, projeto oferece ainda bate papo com quilombos do estado do Rio de Janeiro.
Solano (foto: Valmyr Ferreira)
Dois anos após estrear no teatro, volta à cena durante os dias 1º, 02, 08, 09 e 13 de maio às 20h a peça “SOLANO, VENTO FORTE AFRICANO” através do YouTube da Casa Poema – https//bit.ly/3uCkvpi . Com texto de Solano Trindade, Elisa Lucinda e Geovana Pires (que também assina a direção), direção musical de Beá, direção de movimento de Valéria Monã e direção de produção de Damiana Inês, após as apresentações haverá um bate-papo com os representantes dos quilombos do Rio de Janeiro por onde o espetáculo passou e irá passar. As apresentações exibidas são da temporada do espetáculo quando encenado no Teatro Dulcina.
A montagem lança luz não apenas sobre a obra, mas também sobre o aspecto humano e político de Solano Trindade, poeta pernambucano desenvolveu sua múltipla potencialidade artística com o olhar sempre voltado à realidade do negro brasileiro. Interpretado por Val Perré, Solano foi ainda criador do Teatro Popular Brasileiro, de profunda importância para a unificação dos movimentos negros. “Temos uma missão de levar a obra de Solano a todos, dando voz e continuidade, percebendo a mensagem de liberdade e o amor que é latente na sua obra”, salienta o ator.
De maneira cadenciada e auxiliado pela pluralidade musical brasileira, a peça é permeada por música, canto, dança e sapateado, conduzindo o espectador de forma lúdica à trajetória de Solano. A narrativa evidencia episódios marcantes, como seu convívio com a atriz Ruth de Souza, amiga que o abrigava após as manifestações políticas pelos direitos dos trabalhadores; e o momento em que “Mulher Barriguda“, cuja letra é de Solano e compreendida como canção de protesto à ditadura militar, foi gravada pelo grupo Secos e Molhados, em 1973.
Dada sua militância política pacífica, Solano é considerado por muitos o Gandhi da literatura popular brasileira, mesmo tocando em pontos nevrálgicos – dentre eles, a dificuldade de inserção do negro no mercado de trabalho. “A voz de Solano se faz necessária neste momento porque, infelizmente, tudo que ele falou há 70 anos segue em pauta. O Brasil ainda sofre com essa ferida aberta que é o racismo; os direitos dos trabalhadores estão caindo por terra e o povo vem sendo massacrado. A luta de Solano se dava com armas como a poesia, a palavra e o amor”, ressalta Geovana Pires, diretora e idealizadora do projeto.
Além das cinco apresentações virtuais da montagem, o projeto com recursos aprovados através da Lei Aldir Blanc, por meio do Governo Federal, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro ofereceu ainda uma palestra e duas oficinas gratuitas. “Este espetáculo é um grito de liberdade. Creio que a mensagem mais importante é a consciência de que estamos em guerra, que o Estado está dizimando nossa juventude negra e que temos que nos unir para vencer. É urgente e todos estão envolvidos”, finaliza Geovana.
SERVIÇO:
“SOLANO, VENTO FORTE AFRICANO”
Quando: 1º, 02, 08, 09 e 13 de maio – 20h
Onde: Canal do YouTube da Casa Poema – https//bit.ly/3uCkvpi
Entrada Gratuita
Duração: 90 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Gênero: Documental
Após as apresentações haverá um bate-papo com os Quilombos da Machadinha (Quissamã), Baía Formosa (Búzios), Cafundá Astrogilda (Vargem Grande), Maria Conga (Magé) e Camorim (Jacarepaguá).
Haja Fôlego!!! Haja Fôlego (foto: Heloísa Bortz)
Inédito no Brasil, Fôlego, do jovem autor escocês em ascensão Gary McNair, ganha tradução de Priscila Paes (que também atua no espetáculo) e direção de Kiko Rieser, na primeira montagem de sua obra no país. A peça será transmitida de 1 a 16 de maio, aos sábados e domingos, às 20h, pela Plataforma Teatro. Aline Santini (desenho de luz), Kleber Montanheiro (figurino) e Mau Machado (trilha sonora original) completam a ficha técnica.
Gary McNair tem recebido diversos prêmios no Reino Unido, com encenações de suas peças em diversos países. A peça Fôlego nos apresenta uma protagonista em uma situação bastante específica e bem distante de nossas vidas “saudáveis”, mas suas dúvidas, dilemas, medos e desejos são os mesmos que os nossos.
“Reconhecer-se em um mundo aparentemente distante é o que torna esta peça tocante para o público em geral. Fôlego é impactante porque todos nós, mesmo não sofrendo de epilepsia, nos reconhecemos em Jane pela possibilidade, sempre presente, do imponderável se estabelecer em nossas vidas. Buscamos todos alcançar e, por vezes, ultrapassar os nossos limites físicos e psíquicos. Será que é sempre possível alcançá-los? Assim como Jane, estamos sempre lidando com escolhas no nosso dia-a-dia. O tempo dela está correndo. Nosso tempo também está correndo. A todo custo e a toda hora é preciso tomar uma decisão. E nós corremos, seja para tomá-la mais rapidamente, seja para fugir dela”, conta a tradutora Priscila Paes.
“A genialidade do texto de McNair, que em pouco tempo de carreira já coleciona prêmios e torna-se rapidamente um dos nomes mais importantes do teatro britânico, está no fato de fazer com que o leitor se sinta dentro da cabeça da protagonista, que apesar de sofrer de uma doença séria, mantém um peculiar estado de bom humor”, conta o diretor Kiko Rieser.
Para entender melhor a condição de Jane e seus aspectos concretos, Priscila Paes contou com a colaboração da equipe de assistentes sociais, psicólogos e médicos da Associação Brasileira de Epilepsia, e participou de encontros semanais com pessoas que sofrem desta doença. “Essas pessoas também buscam um alívio para sua condição e algumas delas inclusive devem decidir se fazem ou não a cirurgia para retirar parte de seus cérebros. O contato com pessoas na mesma situação de Jane, que enfrentam as mesmas dificuldades e os mesmos dilemas que a protagonista da peça, é fundamental para poder me colocar em cena de maneira precisa”, conta a atriz.
“O enfrentamento dos limites é um dos pontos mais marcantes da peça e está presente na vida de todos. “Fôlego”, ao propor uma perspectiva tão visceral sobre as descobertas e redescobertas dos limites de um corpo, é de fundamental importância para que confrontemos nossos próprios medos, desafios e escolhas”, concluem Priscila e Kiko.
SINOPSE
Jane sofre de epilepsia e, contra todas as expectativas, descobre na corrida um modo de evitar as convulsões. Passa a correr todos os dias, diversas vezes, sempre que sente que está para convulsionar – e isso parece ter resolvido o problema. Até que, depois de muito tempo, ela tem um novo ataque. Recebe, então, a notícia de que pode realizar uma cirurgia para a retirada de parte de seu cérebro, o que curaria sua doença, mas poderia deixar sequelas. Jane decide então participar da chamada “Corrida da Morte” no deserto de San Antonio. Ela se impõe as 110 milhas da ultramaratona como prazo para tomar sua decisão.
SERVIÇO
De 1 a 16 de maio
Sábados e domingos, às 20h
www.plataformateatro.com
Gratuito
12 anos
50 minutos
Conhecendo mais sobre Dostoiévski Donizeti Mazonas e Wellington Duarte (foto: Edison Kumasaka)
“Pairando sobre o abismo” e mergulhando nos “abismos de Dostoiévski”, atores, diretores e equipes artísticas – que de alguma forma vivenciaram sua escrita nos palcos – criaram seis diferentes experiências audiovisuais exclusivas para o projeto ABISMOS DE DOSTOIÉVSKI, inspiradas em 6 diferentes obras do escritor russo: “Crime e Castigo”, “A Dócil”, “Os Demônios”, “Os Irmãos Karamázov – O Grande Inquisidor”, “O Veredicto” e “O Sonho de um Homem Ridículo”. Muitos artistas estão envolvidos neste ciclo como, Celso Frateschi, Vivien Buckup Ondina Clais, Ruy Cortez, Marina Tenório, Vadim Nikitin, Luah Guimarãez, Joana Porto, Paulo Camacho, Donizeti Mazonas, Wellington Duarte, Clarissa Campolina, Yara de Novaes, Rômulo Braga, Cibele Forjaz, Matheus Nachtergaele, Manoela Rabinovitch, entre outros.
Assim, de 21 a 26 de abril, a cada dia um novo experimento foi transmitido ao vivo, seguido de debate com seus criadores, pelo canal do YouTube do CCSP.
O projeto – idealizado pela produtora Marlene Salgado e a pesquisadora e ensaísta russa Elena Vássina, com a colaboração da atriz Luah Guimarãez – buscou por abordagens que pudessem explorar e potencializar a diversidade polifônica, as linguagens teatrais e audiovisuais e as experimentações de caminhos que trouxessem a descoberta por novas formas, imagens ou metáforas que ajudassem o espectador a entender todas as questões malditas de Dostoiévski, nosso contemporâneo.
No período de 30/4 a 9/5/21, essas experiências audiovisuais serão retransmitidas, de sexta a domingo, às 20h. Duas exibições diferentes por dia, uma seguida da outra.
Considerado o “profeta da literatura russa”, Dostoiévski (1821 -1881) é um dos escritores mais conhecidos e lidos no mundo e sua singular atenção para questões da existência humana nunca foi tão pertinente quanto agora, quando se celebra 200 anos de nascimento do escritor que acreditava que “a beleza salvará o mundo”.
Apesar de toda a distância histórica que nos separa do gênio russo, sentimos que ele continua a ser o nosso contemporâneo hoje, aqui e agora, nos desafiando com a necessidade urgente de buscar respostas a todas as questões mais doloridas do mundo que, se usarmos as palavras do próprio Dostoiévski, “está em algum ponto final, pairando sobre o abismo”.
Serviço:
30/4 e 7/5 às 20h
O SONHO DE RASKÓLNIKOV
A partir da obra CRIME E CASTIGO, com Celso Frateschi e direção de Vivien Buckup. na sequência
A DÓCIL
Livre adaptação audiovisual com Marina Nogaeva Tenório e direção de Ondina Clais e Ruy Cortez
1 e 8/5 às 20h
STAVRÔGUIN, EU MESMO
a partir do capítulo proibido do romance OS DEMÔNIOS. Um filme de Luah Guimarãez, Joana Porto, Paulo Camacho, Tiago Bittencourt, Ivan Garro, Elena Nikitina e Vadim Nikitin
Na sequência
EM TEU NOME
Livre adaptação de O GRANDE INQUISIDOR, com Donizeti Mazonas e Wellington Duarte e fotografia e edição de Edson Kumasaka
2 e 9/5 às 20h
O VEREDICTO
Carta audiovisual criada por Clarissa Campolina, Rômulo Braga e Yara de Novaes
Na sequência
O SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO
Exercício audiovisual para plataforma digital criado por Cibele Forjaz e Matheus Nachtergaele com cineartvismo de Manoela Rabinovitch
Onde: No canal do youtube do Centro Cultural São Paulo – (236) Centro Cultural São Paulo – YouTube
Indicação etária: 14 anos
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Waleria de Carvalho
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Waleria de Carvalho é jornalista, passou pelas redações dos jornais O Povo, O Dia, O Fluminense, e pela Revista Conta Mais. É apaixonada por cultura, especialmente por teatro.
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