Agência FAPESP - A descoberta de nove novos planetas além do Sistema Solar (exoplanetas) foi anunciada nesta terça-feira (13/4) no Royal Astronomical Society National Astronomy Meeting 2010, realizado esta semana na Universidade de Glasgow, na Escócia.
Mas o mais notável não foi o número de planetas e sim que dois deles, ao serem comparados com outros descobertos anteriormente, apresentaram órbitas em sentido oposto à rotação das estrelas de seus sistemas. Exatamente o contrário do que ocorre no Sistema Solar.
Isso cai como uma verdadeira bomba no estudo de exoplanetas, disse Amaury Triaud, do Observatório de Genebra, na Suíça, um dos responsáveis pela descoberta.
Estima-se que os planetas são formados em discos de gás e poeira que circundam uma jovem estrela. Esse disco protoplanetário se movimenta na mesma direção da própria estrela e se esperava que os planetas que se formassem a partir do disco sempre orbitassem em um plano semelhante e se movessem em suas órbitas na mesma direção da rotação da estrela. É assim no Sistema Solar.
Após a detecção inicial dos nove exoplanetas por meio do projeto internacional Wide Angle Search for Planets, os autores da pesquisa usaram um espectrógrafo do telescópio de La Silla, no Chile, da Agência Espacial Europeia, e dados de um telescópio suíço instalado na mesma região chilena para confirmar as descobertas.
Surpreendentemente, quando as informações obtidas foram combinadas com dados anteriores, os pesquisadores verificaram também que dois dos planetas descobertos tinham movimentos retrógrados, isto é, eles orbitam suas estrelas na direção errada, desafiando a teoria planetária tradicional.
De acordo com o estudo, o mesmo deve ocorrer com muitos outros exoplanetas. Esses novos resultados desafiam a visão tradicional de que os planetas deveriam sempre orbitar no mesmo sentido do movimento de suas estrelas, disse Andrew Cameron, da Universidade de Saint Andrews, na Escócia, que apresentou o estudo na reunião em Glasgow.
Para os pesquisadores, uma possível explicação para o movimento contrário seria que a proximidade desses exoplanetas de suas estrelas não se deve a interações com o disco de gás e poeira, mas resulta de um cabo de guerra gravitacional entre o planeta e outros sistemas planetários e estelares durante milhões de anos.
Com os nove novos planetas descobertos, o número de exoplanetas conhecidos subiu para 452.
(Envolverde/Agência Fapesp)