Agência Fapesp
Pesquisa internacional conclui que os dois principais grupos de pigmeus africanos derivam de uma única população que viveu há cerca de 20 mil anos.
Todos os pigmeus são parentes. Segundo um estudo internacional coordenado por pesquisadores do Instituto Pasteur, na França, os pequenos indivíduos que habitam um extenso território na África Central descendem de uma única população que viveu há cerca de 20 mil anos.
A pesquisa, publicada na revista PLoS Genetics, concluiu também que os ancestrais dos atuais pigmeus e os dos lavradores centro-africanos se separaram há aproximadamente 60 mil anos.
Pigmeus são caracterizados por um estilo de vida baseado na caça e coleta e têm práticas culturais e características físicas – como a baixa estatura – bem distintas.
Dois grupos de populações de pigmeus vivem nas florestas equatoriais africanas: os pigmeus ocidentais e os orientais. A origem comum dos dois grupos, separados por milhares de quilômetros, tem sido motivo de debates há muito tempo, assim como a relação deles com seus vizinhos agricultores.
Os cientistas, liderados por Lluis Quintana-Murci, do Instituto Pasteur, estudaram os perfis genéticos de 12 populações de pigmeus e de lavradores dispersados pelo continente, por meio do uso de dados de sequências de regiões não codificadoras de seus genomas.
A análise mostrou que os ancestrais dos pigmeus (coletores e caçadores) e dos agricultores começaram a divergir em um momento que coincidiu com um importante período da migração humana tanto dentro da África como para fora do continente.
Muito mais tarde (cerca de 40 mil anos depois), os pigmeus ocidentais e orientais se separaram, também em um período peculiar, em que ocorreram mudanças climáticas importantes.
“Todos os pigmeus provavelmente herdaram suas características físicas distintas, como baixa estatura, de um ancestral comum, e não por uma questão de adaptação à vida na floresta equatorial”, disse Etienne Patin, outro autor do estudo.
Mas os cientistas destacam que perfis genéticos mais amplos e completos das populações de pigmeus são necessários para caracterizar mais precisamente sua história demográfica e para identificar genes envolvidos na adaptação dessas populações a seus hábitats específicos.
O artigo Inferring the demographic history of african farmers and pygmy hunter-gatherers using a multilocus resequencing data set, de Lluis Quintana-Murci e outros, pode ser lido em www.plosgenetics.org.