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Observatório do 3° Setor

Ouvidos para o quê? (1 notícias)

Publicado em 23 de janeiro de 2023

Por Redação Observatório

Milton Flavio As carências, insuficiências, deficiências e desigualdades são nossas velhas conhecidas.

Nossas e deles, os governantes que a cada quatro anos assumem o poder carregando consigo, via promessas eleitorais bem elaboradas, as esperanças daqueles que, com seu trabalho e suor, constroem o país sem poder usufruí-lo.

Infelizmente o que vem depois igualmente é conhecido por todos e, mais ainda, por aqueles que necessitados depositaram com seu voto, mais uma vez, a expectativa que desta vez tudo vai melhorar.

Acostumei-me com as comemorações, festas e discursos feitos tão logo anunciados os resultados e reconhecidas as vitórias.

Nós e eles, as palavras mais pronunciadas.

Eles, aqueles que deixam o poder, derrotados pelas urnas e pela má gestão. E nós, ungidos pelas urnas, os que compromissados com as necessidades, respaldados pelos votos e incensados pelas palavras, os que farão acontecer.

Amanhã sobrarão empregos, nossos jovens chegarão às Universidades, todos teremos pelo menos três refeições ao dia.

Mulheres, negros, gordos e diversos étnicos, sociais, sexuais e ideológicos seremos igualmente respeitados e o paraíso será finalmente compartilhado por todos.

Diferentemente da Arca de Noé, agora e neste novo momento, pós dilúvio, não apenas um representante por espécime, mas todos teremos lugar e espaço no novo mundo prometido.

Infelizmente, e sempre acontece assim, tem o dia seguinte.

Não falo dos garis limpando a sujeira deixada pelos convidados especiais, menos ainda das enxaquecas decorrentes das bebidas de péssima qualidade oferecidas a granel nas festas oficiais e nas petit comitê.

Falo das segundas feiras, que sucedem aos domingos. Dos dias seguintes que chegam depois dos feriados e da realidade a ser enfrentada pelos políticos, secretários, ministros, governadores e presidente depois da festança e comemoração.

Incrível a rapidez como descobrem a dura realidade que ignoraram nas campanhas, na transição e até mesmo nos discursos das posses.

Seus olhares, dizeres e acenos se dirigem agora para os poderosos que com seu apoio podem lhes garantir, se não vida fácil, pelo menos tempo para respirar e pensar como enfrentar a realidade que o cidadão, o eleitor e, principalmente, o desassistido e desempregado enfrenta todos os dias e há muito tempo.

Não estou pedindo soluções mágicas e menos ainda respostas imediatas a problemas ancestrais.

É verdade que prometeram mas os céticos como eu nunca acreditaram e ou levaram a sério.

O que peço e insisto é que abram os seus ouvidos e disponham-se a aprender.

No país há muitos que podem colaborar com trabalho, ideias e iniciativas.

Não é pedir muito sugerir a humildade aos que governaram muitos e por muito tempo, que com suas ideias e limitações tem responsabilidade no que de pior temos aqui.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

Sobre o autor: Milton Flavio é professor aposentado da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP, ex-subsecretário de Energias Renováveis do Estado de São Paulo, e hoje é Assessor da Presidência da FAPESP