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O nascimento de uma nova era (1 notícias)

Publicado em 01 de setembro de 2014

Para quem nasceu após a década de 90 pode parecer ilusão, mas houve um tempo em que não havia internet, celular e fotografia digital. A rede mundial de computadores começou a surgir em plena Guerra Fria, quando os Estados Unidos buscavam uma forma descentralizada de comunicação e armazenamento de dados que continuasse ativa mesmo após um bombardeio. A internet surgiu, portanto, como ferramenta militar e de pesquisa. Naquela época, era usada, basicamente, para trocar e-mails.

 

Com a evolução das pesquisas e as novas descobertas, a internet ganhou um forte aliado: o computador pessoal (PC). Seu desenvolvimento e popularização abriu espaço para um novo mundo digital, ainda sem dimensões imagináveis. Essa onda logo chegou ao Brasil, mais especificamente em 1988, através da iniciativa da comunidade acadêmica formada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). “Em meados dos anos 1990, a internet, que começara nos anos 1950 e, até então, pouca gente conhecia, tomou forma, trazendo aos brasileiros — e também aos ribeirão-pretanos — uma nova e grande janela para ao desenvolvimento do conhecimento, do entretenimento e do crescimento profissional. Grandes mudanças se tornam possíveis e constantes revoluções aconteceram, seguidamente, no dia a dia das empresas”, explica Sérgio Pontin Amâncio, proprietário da SVC, empresa de prestação de serviço na área.

 

Para o presidente do Polo Industrial de Software de Ribeirão Preto (PISO) e presidente da Consinco S/A, Flávio de Barros, a chegada da internet no Brasil trouxe inúmeras oportunidades. “São possibilidades que vão desde a aquisição e o compartilhamento de conhecimento até a criação de novas formas de comunicação, chegando a inúmeras oportunidades de negócio. A internet revolucionou o trabalho, o estudo e os negócios, agilizou as descobertas e aproximou as pessoas e as comunidades”, avalia Flávio.

 

Entre as inúmeras discussões sobre a expansão da internet no Brasil, surgiu o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), em 1981, que objetivava a disseminação de informações para a sociedade civil, o que incluía a democratização do acesso à rede de computadores no país. A ânsia dos brasileiros por se conectarem era tanta que, em 1994, a internet ultrapassou as barreiras acadêmicas e começou a se expandir. No final do mesmo ano, o governo brasileiro divulgava, através do Ministério de Ciência e Tecnologia e do Ministério das Comunicações, a intenção de investir na nova tecnologia. Ainda nesta época, foi criado o Comitê Gestor Internet Brasil para traçar os rumos da implantação, da administração e do uso da Internet no país.

 

O auge e o fim da Ceterp

 

Outra inovação tecnológica que conquistou os ribeirãopretanos durante esse período foi a telefonia fixa e móvel. Criada por uma Lei Municipal em 1969, a Ceterp estava, em 1994, entre as primeiras empresas de telefonia do país no que se refere à média de aparelhos por habitantes. Nessa época, a empresa mantinha perspectivas de desenvolvimento e de investimentos na região, implantando em Ribeirão Preto a telefonia celular, com capacidade inicial para atender 3.700 assinantes locais e 500 visitantes. Tal tecnologia foi criada para agilizar a comunicação entre as pessoas e, em pouco tempo, conquistou os moradores da cidade.

 

Com situação financeira equilibrada, a Ceterp tornou-se uma empresa pública reconhecida. Com várias reportagens, a Revide acompanhou o desenvolvimento da Ceterp, que capitaneava o desenvolvimento tecnológico local à época. Em uma edição especial veiculada em 1994, a Revide registrou os 25 anos da empresa, destacando sua história e seus avanços. Em meados de 1995, a internet começou a funcionar de forma definitiva. Para evitar o monopólio estatal da rede no Brasil, o Ministério das Comunicações tornou pública sua posição a favor da exploração comercial da internet no país. Desde então, esta passou a ser capa de revistas e até assunto em novelas, popularizando-se rapidamente.

 

Em agosto do mesmo ano, a Revide publicou a matéria de capa “Ribeirão On-line” que anunciava: “Plugados no futuro – a cidade acelera a entrada no mundo da informática. Enquanto cientistas e curiosos se ligam à Internet, as crianças são alfabetizadas com a ajuda dos computadores”. A reportagem abordava a descoberta da internet pelos ribeirãopretanos. Naquele ano, a informática se espalhava pela cidade. Os cursos de processamento de dados e de programação de computadores lotaram. As escolas particulares de primeiro e de segundo graus montavam os laboratórios de informática e apresentavam um diagnóstico novo e promissor. Empresas, profissionais e usuários descobriam os recursos da computação.

 

O gerente de pré-impressão da Gráfica São Francisco, Kelber Uzuelle Cardoso, explica que entre os setores de uma gráfica, a área que mais mudou com a chegada definitiva dos computadores e da internet foi a de pré-impressão. “Antigamente, essa fase demandava muito tempo, pois era feita manualmente. Hoje, todo o processo de fotografia e montagem de fotolitos foi substituído pela editoração eletrônica”, pontua Kelber. Sérgio lembra que, na Revide, não foi diferente. “Até então, as matérias eram digitadas em pequenos computadores com disquetes de poucos kbytes, que produziam textos que seriam montados artesanalmente, juntamente com as fotos. Pelo novo sistema, as páginas passaram a ser diagramadas em editoração eletrônica, armazenadas em modernos servidores com mais de 50 Terabytes de capacidade. Depois, são enviadas à indústria gráfica de forma rápida e segura”, afirma. “Nessa época, a fase de pré-impressão demorava, às vezes, até uma semana para ser concluída. Hoje, esta etapa pode ser concluída em algumas horas, devido à informatização do processo de editoração eletrônica”, completa Kelber.

 

Flávio reforça que a popularização da internet aconteceu em 1995, época em que os acessos ainda aconteciam por linha discada. Assim como em outras regiões do país, a chegada da internet em Ribeirão Preto causou algumas mudanças e adaptações. “Os modens discados daquela época hoje considerados rudimentares, mas que já faziam uma grande diferença no dia a dia e abriam novas oportunidades de lazer e de negócios. Tínhamos poucas opções de conexões a um custo muito superior ao que temos atualmente”, acrescenta Flávio.

 

O grande “boom” da rede aconteceu mesmo em 1996, parte pela melhoria dos serviços, mas, principalmente, pelo crescimento natural do mercado. Aí, a internet no Brasil cresceu vertiginosamente, tanto em número de usuários quanto de provedores e de serviço prestados através da rede. Uma das primeiras demonstrações de que o Brasil estava se conectando cada vez mais é de dezembro de 1996, quando Gilberto Gil lançou a música “Pela Internet” na própria rede. Grandes portais e provedores de conexão foram lançados no ano. Em 1998, o país já ocupava o 19º lugar em número de hosts no mundo e liderava o ranking na América do Sul.

 

Enquanto a internet se expandia mundialmente, a empresa ribeirãopretana de telefonia passava por situação difícil. Em janeiro de 2000, a Revide publicou a matéria “Adiós Ceterp”, onde a revista mostrava que, após 30 anos sob o controle do município, a empresa, considerada até então a galinha dos ovos de ouro da administração municipal, foi privatizada. O Grupo Telefônica, multinacional espanhola, havia assumira o controle da Ceterp. Na ocasião, o então presidente da Telefônica, Fernando Xavier Ferreira, comentou que, após a quebra do monopólio das telecomunicações no Brasil, a migração para o setor privado passou a ser uma questão de sobrevivência para as empresas.

 

Ainda naquele ano, em uma edição especial de economia, foi publicada a matéria “Acesso gratuito”, que mostrava que a onda da navegação na internet, sem custos, havia chegado a Ribeirão Preto e os provedores de acesso pago apostavam na qualidade do serviço para não perder internautas. Em 2000, os provedores começaram a criar uma nova realidade no mercado virtual. Segundo a Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviço e Informação da Rede Internet (Abranet), havia 270 provedores de acesso à internet no país e quatro milhões de internautas.

 

Outra questão que ganhou destaque na mídia mundial foi o Bug do Milênio: o temor era de que ele paralisaria os sistemas de computação, causando enormes prejuízos, no dia 1º de janeiro de 2000. Em dezembro de 1999, a Revide publicou uma capa chamando a atenção para o perigo. Na ocasião, a reportagem revelou que autoridades de Ribeirão Preto garantiam que a ameaça de pane não afetaria os serviços básicos. De fato, o Bug do Milênio passou sem transtornos.

 

Hoje, Ribeirão Preto já é um polo de referência em produção de software. Há no município um Arranjo Produtivo Local (APL) de software, reconhecido pelo Governo do Estado de São Paulo. “Nosso PISO congrega 40 organizações e atua em defesa do setor de tecnologia. Encontramos aqui empresas com certificação nacional e de qualidade em processos de software que criam soluções e são competitivas em diversos segmentos. Possuímos empresários arrojados, mão de obra qualificada e profissionais capacitados para criar produtos inovadores”, esclarece Flávio.

 

Com o passar dos anos, a internet conquistou um espaço definitivo na vida das pessoas. As redes sociais são um exemplo claro de como essa tecnologia modificou, inclusive, o comportamento e o estabelecimento de relações interpessoais nos dias de hoje. Inúmeros dispositivos permitem visualizar e compartilhar informações a qualquer hora e em qualquer lugar. Mesmo nesse ponto, quando (quase) tudo está disponível a um clique, pode-se esperar muitas inovações.

 

REVISTA ARTESANAL

 

Hoje em dia, a Revide chega às mãos dos leitores em uma semana. Além dos profissionais que colocam a revista nas ruas, a tecnologia é uma das responsáveis pela agilidade na produção e na montagem de cada edição. Além da revista impressa, a Revide possui um portal de notícias e integra redes sociais, abrindo uma série de possibilidades de contato com o público. Mas nem sempre foi assim. Há 28 anos, a produção do veículo era artesanal, com o auxílio de poucos equipamentos. Para que os exemplares estivessem prontos e circulando, era preciso pelo menos um mês. Naqueles tempos, além de informação, papel e caneta, eram os protagonistas da notícia: laudas, máquinas de escrever, fotolitos, composer e telefone eram alguns deles. Em 1992, a Revide comemorou a chegada do primeiro computador à redação. Os jornalistas se revezavam para digitar suas matérias, com o auxílio de disquetes de baixa capacidade de armazenagem. Diagramação e gráfica eram os degraus seguintes. Aos poucos, à medida que a revista crescia, as novas tecnologias foram ganhando mais espaço. A Revide ultrapassou barreiras e se adaptou às novidades com facilidade. Assim como a tecnologia está em constante avanço, a Revide busca o aprimoramento de seus processos.

 

ETERNA APRENDIZAGEM

 

“Em 28 anos, a tecnologia mudou muito. Em 1986, não se falava no Brasil em computadores, internet, redes sociais e smartphones. Hoje, não vivemos sem eles. Atualmente, reclamamos, diariamente, do volume de e-mails recebidos nos endereços profissionais, mas em 1990 isso era novidade no Brasil. Quatro anos mais tarde, os microcomputadores começaram a chegar às casas das pessoas e se popularizaram. A forma como consumimos propaganda também mudou. Nesses 28 anos de tecnologia, outros veículos de comunicação surgiram com a evolução da internet. No Brasil, uma pesquisa mostra que o número de usuários de internet cresceu 100 vezes de 1995 a 2012. A tecnologia ainda tem muito para mudar nas nossas vidas”.

VINICIUS MELO Sócio-Diretor de atendimento da Rebellion.

 

DEPENDÊNCIA

 

“Os avanços nos últimos 28 anos foram tantos que ninguém podia imaginar o quanto evoluímos, tecnologicamente, nesse período. Há 20 anos, nem imaginávamos que teríamos em um único aparelho um telefone sem fio, máquina fotográfica, filmadora, entre outros. Graças aos avanços tecnológicos, atualmente podemos nos comunicar de forma muito mais rápida e eficiente, vídeo e áudio, com pessoas de todas as partes do mundo. Podemos nos expressar em redes sociais onde milhares de pessoas têm acesso, acompanhar os negócios e fazer as atividades do dia a dia em minutos. Isso nos da à sensação de que o mundo está rodando cada vez mais rápido, pois a cada dia que passa, ficamos mais dependentes da tecnologia. A cada dia que passa, ela esta mais próxima de nós, seja em um celular, em uma TV ou até mesmo em uma geladeira.”

MARCELO PIOVAN Gerente do escritório de Projetos da Heurys Tecnologia.

 

AVANÇO TECNOLÓGICO

 

“Hoje, tecnologia da informação é o mecanismo para que as companhias possam progredir em seus objetivos e, fundamentalmente, criar novos modelos de negócios. Chegaram ao fim os “tecniques”, a complexidade e a adoção de tecnologias unicamente pela área de Tecnologia da Informação das empresas. Por meio do uso de novas tecnologias, milhares de empresas e pessoas estão questionando radicalmente modelos de negócio tradicionais. Isso ocorre devido à facilidade de oferta de produtos e de serviços e ao conhecimento das pessoas no uso da tecnologia estar facilitado, que hoje não é mais restrito aos profissionais da área. Passamos de uma linguagem técnica e difícil para uma compreendida por todos, que pode ser acessada por meio de disponíveis móveis. Profissionais de todas as áreas estão investindo mais tempo em atividades relacionadas com clientes, adotando novas tecnologias para se conectar cada vez mais com os consumidores e melhorar sua experiência”.

MARCOS CORÓ Diretor geral da Atlas Brasil

 

REVOLUÇÃO DIGITAL

 

“Com a virada do milênio e o acesso facilitado ao hardware, devido à queda nos preços, é mais fácil ver pessoas carregando notebooks. As redes sem fio tornaram esse hábito uma realidade para a maioria das pessoas. Os anos passam e surgem dispositivos cada vez mais portáteis, velozes e acessíveis. Nossa realidade agora é a mobilidade e conectividade, entre as gigantes Microsoft, Apple, Google e Facebook. Surgiu WhatsApp, um aplicativo simples e ao mesmo tempo revolucionário, criado por um ucraniano Jan Koum a partir de um ideal: “sem anúncios, jogos e quebra-galho”. Estamos na Era da Comunicação. Porém, tornou-se tão comum a comunicação através dos aplicativos e tão veloz a disseminação da informação, que outros problemas surgem, como o chamado “bullying digital” ou “cyberbullying”. Em todos esses anos, em contato com a tecnologia da informação, vivenciei a própria revolução da Era Digital, muitas tecnologias revolucionárias surgindo a cada dia. Entretanto, também presenciei o lado ruim de tanto acesso a informação. Entre Androids, iOS e WindowsPhones ainda veremos altos e baixos de empresas e novas revoluções tecnológicas”.

GUILHERME VAZ TORRES coordenador dos cursos de Tecnologia, Análise e Desenvolvimento de SistemasJogos Digitais e Design Gráfico do Centro Universitário Barão de Mauá.

 

O PODER DA INFORMAÇÃO

 

“Há um fator relevante que devemos destacar nesses últimos 28 anos. A tecnologia da informação expandiu a forma de nos comunicarmos. Considerada por diversos autores como a “Terceira Revolução”, as inovações tecnológicas e o advento da eletrônica agregaram a nossas vidas muitas facilidades e comodidades acessíveis, em larga escala, para ricos e pobres. Disponibilizaram em nossas mãos o poder da informação. Através de um smartphone conectado à internet, podemos nos informar sobre qualquer tema ou assunto e ainda visitar, virtualmente, qualquer cidade do mundo. Não saberíamos mais viver sem isso”.

LUIZ BORSATO Diretor Executivo – LabCom Total

 

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Pâmela Silva