Os engenheiros agrônomos Marcelo Poletti e Roberto Hiroyuki Konno, da Promip, explicam que o controle biológico aplicado reposiciona o inimigo natural da praga na área de cultivo e aumenta a população do predador no local. Por isso, as empresas que prestam esse tipo de serviço fornecem não só o produto biológico a ser aplicado, mas um "pacote tecnológico".
"É preciso orientar o produtor sobre a importância de monitorar a área, como e quando aplicar", diz Poletti. "Mas, para dar resultado, o controle biológico deve fazer parte de um programa de manejo integrado de pragas."
Pioneira na produção de ácaros predadores para o controle biológico de insetos e ácaros-praga, a Promip está instalada na incubadora da Esalq/USP (EsalqTec) e conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Hoje, produz 5 milhões de ácaros predadores por mês. "Os produtos estão em fase de registro no Ministério da Agricultura e, como o mercado está se formando, é importante passar pelo crivo oficial, que inclui, além do ministério, o Ibama e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", afirmam.
Custos
De acordo com Poletti, o custo de adoção do controle biológico é variável, mas os ganhos em comparação ao uso de produtos químicos são inúmeros. "A aplicação dispensa o uso de EPI e de máquinas e não há risco de contaminação do aplicador e do ambiente. Essa economia de mão de obra pesa para o produtor."
Os produtos biológicos custam entre R$ 6 (frasco com 150 predadores) e R$ 19 (embalagem com 500 predadores). "A quantidade de predadores depende mais do nível de infestação do que do tamanho da área. E, para saber isso, é preciso monitoramento", dizem os agrônomos. "Para o pêssego, por exemplo, o custo de produção estimado é de R$ 200/hectare, mas cada caso é estudado individualmente."
Para o engenheiro agrônomo Danilo Scacalossi Pedrazzoli, da Bug Agentes Biológicos, de Piracicaba (SP), há um grande mercado no setor de hortaliças, frutas e ornamentais. "Tradicionalmente, a cana é a cultura que mais usa o controle biológico, mas culturas ?menores? têm grande potencial", diz Pedrazzoli.
A Bug trabalha com parasitoides, usados no controle de pragas de algodão, soja, milho, cana e hortaliças. Com capacidade para tratar de 2 mil a 3 mil hectares por dia, a empresa foi fundada há seis anos. "Para se ter ideia, são usadas cerca de 150 mil microvespas por hectare para controlar a broca."
Segundo o analista regional Rafael Ribeiro, do Criatec, fundo de investimentos com participação na Bug, o controle biológico está se tornando tendência, como já ocorre na Europa. "O País tem muita pesquisa, mas falta consolidar a produção em escala."