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Diversos setores sofrem com crise aérea (1 notícias)

Publicado em 15 de agosto de 2007

Por Thiago Romero - Agência Fapesp

Agência FAPESP — O crescimento ou a retração do setor aéreo brasileiro geram impactos consideráveis, tanto positivos como negativos, nos demais setores econômicos relacionados com sua cadeia produtiva.

Cada R$ 1 mil produzidos pela aviação civil refletem um aumento de R$ 258 na produção da indústria química, o setor que mais se beneficia, seguido de R$ 78 no comércio, R$ 58 em peças e outros veículos, R$ 52 no extrativismo mineral, R$ 51 nas instituições financeiras e R$ 36 nas agências de viagens.

Os dados são de um estudo que acaba de ser concluído por pesquisadores do Centro de Excelência em Turismo (CET) da Universidade de Brasília (UnB). O trabalho, encomendado pelo Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), avaliou o impacto do setor frente a outros 53 setores da economia.

O estudo foi realizado por meio do cruzamento de dados macroeconômicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2003, com indicadores dos setores que fornecem insumos e dos que demandam serviços da aviação civil.

"O estudo se concentra em simulações sobre os impactos que variações econômicas no setor aéreo causam nos segmentos industriais relacionados com a aviação", disse Maria de Lourdes Rollemberg Mollo, coordenadora do trabalho e professora do Instituto de Economia da UnB, à Agência FAPESP.

"Isso significa que, se a produção de aviões ou a oferta de serviços de transporte aumentarem, os ganhos da indústria química, que fornece combustível e outros insumos para as aeronaves, será proporcionalmente igual", afirmou.

Nesse caso, as perdas dos outros setores com uma possível retração do setor aéreo também seriam proporcionais. "Por isso, os setores que fornecem insumos para a aviação fazem o papel de estimuladores da cadeia produtiva, uma vez que a produção deve sempre responder aos aumentos de demanda", disse Maria de Lourdes.

O trabalho indica também o volume de serviços fornecidos pelo transporte aéreo para outros setores da economia. Nesse contexto, a aviação civil gera R$ 4,2 bilhões anuais para o setor de serviços e R$ 795,4 milhões para o setor de turismo.

Em contrapartida, o setor aéreo demanda insumos provenientes da indústria (R$ 5,8 bilhões) e do setor de serviços (R$ 5,3 bilhões), ao qual pertence. Os pesquisadores calcularam também a participação do setor aéreo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que subiu de 0,63%, em 2003, para 0,86% em 2006.

"Por fazer uma radiografia completa do setor aéreo dentro da macroeconomia brasileira, esse tipo de análise interessa tanto aos setores industriais, para o planejamento estratégico, como ao governo, na elaboração e no aperfeiçoamento das políticas econômicas", destacou a economista.

Além de Maria de Lourdes, participaram do trabalho Joaquim Pinto de Andrade, Aquiles Rocha, José Ângelo Divino e Milene Takasago, todos pesquisadores do Centro de Excelência em Turismo da UnB.