Um estudo publicado na revista Psychological Science concluiu que acadêmicos de áreas ligadas às artes tendem a receber sanções mais severas do que as aplicadas a seus colegas de áreas científicas quando cometem má conduta sexual. A análise foi feita por dois especialistas em marketing, Jacob Teeny, pesquisador da Escola de Administração Kellogg da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e Joseph Siev, estagiário de pós-doutorado da Universidade da Virgínia, com base em um conjunto de evidências e de experimentos.
Eles vasculharam uma base de dados sobre má conduta sexual na academia, que reúne casos investigados ao longo de quatro décadas em instituições norte-americanas. Debruçaram-se sobre 619 casos em que era possível identificar com precisão a área disciplinar do perpetrador e a conclusão da investigação. Observaram que professores de áreas consideradas mais artísticas enfrentaram punições mais severas do que as impostas a docentes de áreas consideradas mais científicas para tipos semelhantes de infração. Outro achado é que professores no topo da carreira ou que ocupavam cargos de liderança sofreram consequências mais leves do que as aplicadas aos mais jovens.
Em outra frente, os dois autores convidaram 567 indivíduos a ler textos que simulavam notícias sobre professores ligados às áreas de artes ou de ciências que cometeram má conduta sexual ‒ os detalhes sobre os deslizes éticos eram idênticos. Em seguida, os participantes tiveram de relatar que consequências o perpetrador merecia enfrentar ‒ como boicote a seu trabalho, retirada de suas obras de livrarias e proibição para que deem palestras em universidades. A tendência foi a de propor punições mais duras para os docentes de áreas artísticas. Segundo Teeny e Siev, uma explicação para a diferença de tratamento é que as pessoas parecem ter mais dificuldade em dissociar o trabalho e a conduta moral de profissionais ligados às artes do que os de áreas científicas.
Revista Pesquisa Fapesp
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ARTIGO ORIGINAL
Ciência versus arte
Revista Pesquisa Fapesp
15 de maio de 2024
Autoria: redação