Esse post trata do uso de insetos na alimentação e como pode ser uma alternativa mais sustentável de alimentação.
Primeira coisa que deve vir na sua cabeça é “Ai que nojo!”, mas antes de você fugir para as colinas sem nem olhar para trás, me dá uma chance de explicar e mostrar que os insetos na alimentação podem ajudar o meio ambiente?
Tá bom… mas por que comer insetos?
Segundo um relatório da ONU, de junho de 2019, a população deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050 [1], e será um grande desafio alimentar uma quantidade tão grande de pessoas no mundo [2].
Sabemos que mesmo hoje, existem inúmeras pessoas vivendo à beira da pobreza e da subnutrição, e uma forma de tentar solucionar esse problema é desenvolvendo fontes alternativas de proteína [3]!
De acordo com a pesquisa “Insects as food and feed, a new emerging agricultural sector: a review” (Insetos como alimento e ração, um novo setor agrícola emergente: uma revisão) de Van Huis (2020), nos últimos 5 anos o conhecimento científico sobre os insetos na alimentação cresceu muito, o setor industrial está cada vez mais engajado na criação, processamento e comercialização de insetos comestíveis [4].
Essa pesquisa também mostra como a produção de insetos tem um impacto reduzido no meio ambiente, ao compararmos com a pecuária, sendo uma alternativa a ser pensada se quisermos que nosso meio ambiente seja conservado [4].
Os insetos são altamente protéicos, ricos em fibras, micronutrientes, como zinco, ferro, fósforo e vitaminas B [5]. E não possuem glúten ou lactose [6].
Talvez você esteja pensando “ah mas eu consigo esses nutrientes comendo carne mesmo”. Pode até ser, mas a verdade é que comer tanta carne não é uma opção favorável à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.
O processo de produção de insetos, diferente da pecuária, utiliza uma quantidade significativamente menor de água, e gera menos gases do efeito estufa [3]. Além disso, os insetos podem ser alimentados com resíduos orgânicos, o que contribui para a redução do descarte desses resíduos no ambiente [4].
Bom para o meio ambiente e bom para nós, mas como comer insetos?
Quando pensamos em insetos comestíveis normalmente já vem na cabeça aqueles pratos com os insetos inteiros, até se mexendo e com uma aparência não muito boa, não é mesmo?
Mas se eu te contar que na verdade, podemos comer os insetos nas mais variadas formas, inclusive triturados e desidratados, usados em farinhas para fazer pães, massas, bolos, barrinhas de cereal [5] e até hambúrguer [7]! Melhorou, né?
O grande desafio dessa alimentação, é acabar com o preconceito das pessoas de que eles não sujos e nojentos e repensar neles como uma forma de alimentação mais saudável e sustentável.
Então posso comer qualquer inseto que eu ver pela frente?
Calma que também não é assim! Nem todos os insetos são para nossa alimentação, e eles devem ser criados em ambientes específicos e higienizados [3].
Aqui no Brasil já temos a Hakkuna e BugsCook que estão investindo em insetos para alimentação, de forma artesanal, de farinhas, barrinhas, snacks e chocolates [3]. Algumas opções já estão disponíveis!
A legislação não proíbe a comercialização desses alimentos, mas em escala industrial, o Brasil ainda não possui uma regulamentação específica por se tratar de um novo produto, conforme a popularização, essa regulamentação deve sair [3][5].
Bom, esse texto mostrou os diversos benefícios (tanto para a saúde das pessoas quanto para o meio ambiente) que uma dieta à base de insetos e derivados pode proporcionar… “ah não me convenceu, NUNCA vou comer inseto na minha vida!”.
Vou te contar um segredo: você provavelmente já come e não sabe! Muitos alimentos carmim (vermelhos ou rosas), como os iogurtes, possuem em sua composição o corante advindo da cochonilha, um pequeno inseto [5]!
Já que é assim, por que não dar uma chance para esse tipo de alimentação?
Referências
[1] ONU. População mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050. Acesso em 29 de jun. 2020.
[2] UNESP. Insetos comestíveis: uma alternativa de alimento para o futuro? Acesso em 29 de jun. 2020.
[3] FAPESP. Insetos comestíveis. Acesso em 28 de jun. 2020.
[4] VAN HUIS, A. (2020). Insects as food and feed, a new emerging agricultural sector: a review. Journal of Insects as Food and Feed, 6(1), 27-44.
[5] BBC. Farinha de grilo e barrinhas de besouros: estes brasileiros apostam em insetos como alimento. Acesso em 29 de jun. de 2020.