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Aproximação com a biodiversidade (1 notícias)

Publicado em 03 de novembro de 2011

Pesquisadores do Departamento de Biologia da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, estão desenvolvendo um projeto grandioso: o Museu da Biodiversidade. Dalton Amorim e Flávio Bockmann lideram o grupo, que já recebeu verba de R$ 1,3 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para proteger, armazenar e engrandecer as coleções biológicas pertencentes ao departamento, importantes mundialmente - entre elas, abelhas e peixes - e para pesquisas do grupo.

Um dos resultados do projeto, financiado pela Fapesp, é a descoberta de novas espécies para as coleções. Os pesquisadores vão a campo, coletam milhares de insetos e levam ao laboratório, onde realizam um trabalho de taxonomia: separam por famílias, gêneros e, enfim, espécies, já descritas ou nunca vistas. Segundo Dalton, a biodiversidade inclui seres visualmente atrativos, como pássaros e flores, e menos atrativos. "Um não existe sem o outro. Há uma cadeia ecológica que não permite preservar isoladamente determinada espécie. Hoje se fala na conservação dos ambientes naturais porque eles são capazes de manter a diversidade", explica o pesquisador, que defende unidades de conservação no interior de São Paulo por se tratar de uma área bastante ameaçada. Dalton conta que há risco de extinção em massa na região, já que há milhares de espécies em jogo, mais lindas e mais diversas do que as pessoas imaginam.

O segundo passo dos pesquisadores é conseguir mais verba, agora pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para a construção do museu. "Se der certo, daremos início à primeira parte do prédio, que abrigará as coleções e um centro de pesquisas. Será o núcleo deste museu, além de se tornar um ponto de encontro para os pesquisadores, já que nosso departamento atual não permite uma proximidade física entre os integrantes do departamento", expõe Dalton. Segundo os pesquisadores, a liberação dos recursos dará início às obras o mais breve possível. Para a manutenção do projeto, a intenção é recorrer à verba federal ou estadual.

A ideia do Museu está em discussão desde 1994, mas só em junho de 2010 foi formada a Comissão de Direção do Museu da Biodiversidade. Assim, foi possível começar um planejamento da estrutura física. "Primeiro, organizamos as coleções, que estão informatizadas e preparadas para gestão. Compramos estantes deslizantes e investimos em pesquisa. O que podemos fazer, enquanto não conseguimos a estrutura física, é executar este processo virtual e fundamental para a manutenção das coleções", avalia Flávio.

Segundo Dalton, o prédio terá 40 mil m², divididos entre parte educacional e de pesquisa. "A intenção é organizar o setor de exposições em três eixos: Diversidade, Tempo (origem da vida, da atmosfera, dos oceanos, sucessão de grupos até o surgimento do Homem) e Espaço, com os biomas do Brasil", explica o profissional. Além de mostrar a diversidade biológica, o museu tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação. "Se formos incapazes de mostrar essa diversidade biológica, como podemos esperar que as pessoas a protejam e cuidem dela? Muitas pessoas falam em biodiversidade sem conhecer o que ela realmente implica", avalia Flávio. De acordo com os pesquisadores, a proximidade com a biodiversidade faz do museu uma janela para o público, já que poucos lugares oferecem essa oportunidade.

Há, também, contato com grandes museus no exterior para trazer exposições temporárias. "Devido às nossas pesquisas, temos condições de fazer essas exposições temporárias. Isto porque o interesse é recíproco", afirma Dalton.

Graduado, mestre e doutor em Ciências Biológicas pela USP, Dalton Amorim foi professor na Universidade Federal de João Pessoa e, atualmente, é livre-docente da USP, na qual é professor associado e coordenador do curso de pós-graduação em Entomologia em Ribeirão Preto. Realiza pesquisas em evolução da biodiversidade, e participa de diversos projetos de extensão do conhecimento.

Flávio é doutor em Ciências Biológicas e trabalha com peixes e questões evolutivas. O pesquisador passou uma temporada nos mais importantes museus dos Estados Unidos, entre eles, o Museu de História Natural de Washington (EUA). Atua como pesquisador e professor na USP-Ribeirão há mais de 10 anos, onde também é curador da coleção de peixes.