Bagnato coordena o Centro de Pesquisas, Inovação e Difusão (Cepid) em Óptica e Fotônica, criado em 2000 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com orçamento anual de R$ 3 milhões. Responsável pelo desenvolvimento da técnica e pelos testes clínicos, o centro é formado por pesquisadores e médicos de seis instituições: o IF, o Instituto de Química da USP São Carlos, a Unicamp, o HC de Ribeirão Preto, o Hospital Amaral Carvalho e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto.
O campo de pesquisa da TFD é tão amplo que estimulou outras entidades a participar do desenvolvimento da técnica, entre elas o Instituto de Química da USP na capital paulista, que desenvolve moléculas fotossensíveis que eventualmente poderão ser usadas na terapia.
DOSE ÚNICA
São muitas as vantagens da TFD em comparação aos tratamentos convencionais como a quimioterapia e a radioterapia. Segundo Bagnato, em muitos dos casos há a eliminação total das células cancerígenas com apenas uma aplicação, que normalmente dura de quatro minutos a duas horas. O paciente tratado com TFD não sofre os efeitos colaterais como náuseas, vómitos e queimaduras de pele causados pelos outros tratamentos e, ao contrário da rádio e da quimioterapia, a TFD pode ser repetida indefinidamente. Em muitos pacientes, cirurgias quase sempre mutiladoras podem ser substituídas pela nova terapia. Nos casos em que os tumores estão avançados o tratamento é mais complexo mas, ainda assim, melhora sensivelmente a qualidade de vida do paciente.
"Devido ao sucesso da TFD temos recebido solicitações de hospitais que querem implantá-la", diz Bagnato, que também é diretor-científico do Hospital Amaral Carvalho - segundo ele o pioneiro no desenvolvimento e implantação da nova técnica oncológica e centro de excelência no assunto. Albert Einstein e Sírio Libanês, em São Paulo, e o Hospital do Câncer de Barretos, entre outros, já demonstraram interesse e poderão ser os próximos a ter um centro de TFD.
TESTES GRADATIVOS
Inicialmente, a nova técnica vem sendo testada em pacientes com tumores na pele, boca. laringe, faringe, esôfago e reto e portadores de câncer ginecológico. "A terapia se aplica a todos os tumores, mas estamos caminhando gradativamente para outros órgãos do corpo humano", afirma Bagnato. Segundo o cientista, a TFD tem eficiência consagrada contra o câncer de pele, causado pela excessiva exposição ao sol, que lidera a lista da doença no Brasil, com 17% dos 350 mil casos registrados anualmente. Nos três anos como coordenador do Cepid em Óptica e Fotônica, Bagnato já levou vários pesquisadores para estudar a nova técnica nos EUA e Europa, onde a terapia é utilizada há mais tempo e exige a presença de um físico para ser aplicada. "Já trouxemos para o Brasil tudo o que existe sobre o assunto lá fora, mas estamos incorporando tecnologia nacional à terapia."
O centro não se limita a tratar e acompanhar pacientes, a pesquisar a dosagem e o controle de energia do laser ou a manusear e desenvolver drogas fotossensíveis. Por meio do Instituto de Física de São Carlos, o centro desenvolveu tecnologia para produzir equipamentos a laser, que será repassada à FotonMed, empresa de São Carlos formada por ex-pesquisadores da universidade.
Segundo Bagnato. as fontes emissoras de luz brasileiras custarão R$ 5 mil a unidade, uma bagatela se comparadas às norte-americanas, cujos preços atingem US$ 100 mil. "Queremos disseminar a TFD em todo o País", diz o cientista, que também desenvolve um sistema de diagnóstico de câncer através do laser que seria capaz de verificar a existência de um tumor em segundos, sem biópsia. Os pesquisadores do Cepid deverão concluir ainda neste ano o primeiro guia prático de terapia fotodinâmica, a ser distribuído aos oncologistas do País.
Madri terá novo ponto de conexão na internet
Foi reforçada ontem a estratégia para o estabelecimento de uma conexão ibero-americana por meio da interligação entre o NAP do Brasil, que já está em operação em São Paulo, e o NAP de Madri. Ambos são portais mundiais de conectividade de internet que estarão em pleno funcionamento até 2003.
Para isso, reuniram-se em Miami, o governador da Flórida, Jeb Bush, alguns líderes políticos e corporativos dos Estados Unidos, Brasil, Espanha e América Latina, representantes da Comunidade Autônoma de Madri, da Câmara de Comércio e Indústria de Madri, e o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), José Fernando Perez. Esse evento representa um marco para a comunidade científica. Ela terá acesso à rede de alta velocidade, que unirá o Brasil aos Estados Unidos e Europa", diz.
O NAP do Brasil, uma parceria entre a FAPESP e a Terremark Latin America, é um grande terminal de prestação de serviços para provedores e concessionárias de telecomunicações que, entre suas funcionalidades, inclui o Ponto de Troca de Tráfego (PTT).
O PTT é um ponto neutro de interconexão na internet onde provedores de acesso, concessionárias de telecomunicações e grandes clientes trocam diretamente tráfego de informações de clientes comuns.
O termo de cooperação técnico-científica entre a Fapesp e a Terremark, firmado em abril, transferiu para a empresa a tarefa de operar, manter e comercializar o PTT, serviço até então operado pela Rede ANSP (Academic Network at São Paulo), programa mantido desde 1998 pela FAPESP que, entre outras atribuições, faz o registro de domínios e a distribuição de IPs (Internet Protocol) no país.
Segundo o guia internacional de estatísticas Packet Geography 2002, São Paulo ocupa o segundo lugar na lista "Top 10 International Internet Hub City for Latin America & Caribbean in 2001", atrás apenas de Miami.
Fabiana Pio
Notícia
DCI