Há duas semanas, pesquisadores da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) participaram de uma conferência via satélite com os cientistas do Joint Genome Institute (JGI), consórcio do Departamento de Energia dos Estados Unidos que reúne laboratórios envolvidos no seqüenciamento de genomas de microorganismos. No começo do ano, a rede de laboratórios financiada pela Fapesp seqüenciou o genoma da Xylella fastidiosa, bactéria que ataca os laranjais, e nas próximas semanas a fundação vai anunciar o início do projeto para o seqüenciamento de mais uma Xylella, a que afeta os cafezais.
Os brasileiros foram surpreendidos com o convite dos americanos para que ajudassem a terminar o seqüenciamento de duas cepas da bactéria Xylella, bem como na anotação do genoma, a identificação dos genes e de suas funções. "Eles alegaram, que poderiam fazer o seqüenciamento mais rápido, mais isso é só uma questão de ter mais máquinas funcionando. O seqüenciamento é uma prática rotineira; anotação é que é difícil", disse em São Paulo, por telefone, José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp.
"Não há clima de competição entre os laboratórios. Pelo contrário, o clima é de cooperação", ressaltou Perez, reconhecendo, no entanto, que o Departamento de Energia americano teria ficado "contrariado" quando o Departamento de Agricultura chamou os brasileiros para seqüenciar a Xylella que ataca as vinhas da Califórnia.
Para não deixar o JGI enciumado, o Departamento de Agricultura pediu que o consórcio seqüenciasse outras duas variantes da Xylella, a que ataca as amendoeiras e a que mata um arbusto chamado espirradeira, muito comum nos canteiros divisórios das estradas na Califórnia. Perez disse ver com bons olhos o seqüenciamento destas cepas: "Isso é importante porque assim podemos fazer a comparação dos genes para identificá-los e descobrir suas funções".
Entretanto, em uma reportagem sobre o Microbial Month (Mês do Micróbio) promovido pela JGI em outubro - quando os rascunhos dos genomas de 15 bactérias foi obtido em apenas um mês -, o site de divulgação científica UniSci colocou a Xylella fastidiosa na lista dos genomas seqüenciados pelos americanos. (D.N.)
Notícia
Jornal do Brasil