Dr. Carlos Nobre recebe Prémio WWF-Brasil Personalidade Ambiental durante a passagem da Expedição Darwin pelo Rio de Janeiro. Comandada por Sarah Darwin, tataraneta do naturalista, a expedição refaz o trajeto da viagem que Charles Darwin realizou no século XIX, pelo Hemisfério Sul.
Rio de Janeiro - A grande contribuição científica para a compreensão do aquecimento global e os impactos das alterações climáticas na Amazônia é a razão pela qual o Dr. Carlos Nobre, pesquisador-titular e coordenador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), é o ganhador desta edição do Prêmio WWF-Brasil Personalidade Ambiental.
A premiação foi realizada na noite do dia 13 de outubro (terça-feira), durante a passagem da Expedição Darwin pelo Rio de Janeiro, a bordo do veleiro Clipper Stad Amsterdam, atracado no Pier Mauá. A expedição refaz a viagem que o naturalista Charles Darwin fez pelo Hemisfério Sul, no século XIX.
"O prêmio é uma maneira de expressarmos o nosso reconhecimento a personalidades que realizam um trabalho consistente e sistemático na área ambiental, alinhado com a missão do WWF-Brasil e com os ideiais da organização", explica o presidente do Conselho Diretor do WWF-Brasil, Álvaro de Souza.
"A escolha do Dr. Carlos Nobre é fruto da sua carreira científica que muito contribui para um melhor entendimento sobre as relações entre as florestas tropicais e o clima, os efeitos do desmatamento nas mudanças climáticas e os potenciais impactos do aquecimento global sobre a Amazónia", completou Álvaro de Souza.
Além de pesquisador do INPE, o Dr. Carlos Nobre exerce a secretaria-executiva da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas (Rede CLIMA), a coordenação-executiva do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais, e é presidente do Comité Científico do International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP).
O Dr. Nobre foi também um dos autores do Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que, em 2007, foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz, juntamente com o ex-vice-Presidente dos Estados Unidos, Al Gore. Recebeu, em 2007, o Prémio da Fundação Conrado Wessel, na área de Meio Ambiente. O Dr. Nobre formulou em 1991 a hipótese pioneira da "savanização" da Amazónia por conta do aquecimento global, que hoje é referência importante em todo o mundo.
Entregue a cada dois anos, Prêmio WWF-Brasil Personalidade Ambiental é concedido a uma pessoa reconhecida por seu trabalho pela conservação da natureza e pela promoção do desenvolvimento sustentável no nosso País. A primeira edição do prémio foi entregue a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Expedição Darwin - Iniciativa da rede de TV pública holandesa VPRO, a Expedição Darwin integra a comemoração dos 200 anos de nascimento do inglês Charles Darwin e dos 150 anos da publicação do livro "A Origem das Espécies". Com o apoio da Rede WWF, a expedição percorre o trajeto do HMS Beagle pelo Hemisfério Sul, que tinha Darwin entre seus tripulantes. No total, serão 12 países visitados até maio de 2010.
A expedição, que conta com a participação da bióloga Sarah Darwin, tataraneta do naturalista, partiu da Inglaterra no final de agosto e chegou ao Brasil, em Fernando de Noronha, no dia 30 de setembro. Como na viagem original, a expedição passou por Salvador, entre os dias 5 e 7 de outubro, e chegou ao Rio de Janeiro no dia 12, onde ficará atracada no Pier Mauá, até sexta-feira, 17.
Sarah não conhecia muito sobre a história de seu famoso ancestral quando pequena. Pensava que seu sobrenome era originário de um lugar chamado Darwin, localizado na Austrália. A identificação com tataravô não demorou muito a aparecer. Sarah formou-se em Biologia e pesquisou o tomate de Galápagos durante o doutorado no Museu de História Natural de Londres, em colaboração com a Universidade de Londres e a Estação de Pesquisa Charles Darwin, nas Ilhas Galápagos, além de dedicar-se ao estudo de plantas invasoras. Um dos principais personagens da Expedição Darwin, Sarah não esconde o valor sentimental desta viagem e tenta entender de perto a visão, os sentimentos e os desafios da viagem de Charles Darwin, em 1831.
WWF-BRASIL alerta que o futuro das espécies pode estar comprometido pelo aquecimento global - Em 2007, o IPCC - Painel Intergovernamental de Mudança Climática, alertou que até 30% das espécies do planeta enfrentam um risco crescente de desaparecerem se a temperatura global aumentar em 2°C. Inúmeras pesquisas realizadas pela Rede WWF apontam que poucos estarão imunes aos efeitos do aquecimento global, que, futuramente, poderá ser considerado a principal causa da extinção de espécies no século XXI. A situação se agrava nas espécies que já são fortemente pressionadas pela ação humana, como pinguins, onças-pintadas, jequitibá, imbuia, entre tantas outras.
Você sabia que...: Muitas espécies de plantas e animais são extremamente sensíveis a pequenas alterações nas condições ambientais, como temperatura e umidade? E que as mudanças climáticas colocam em risco milhões de espécies em nosso planeta, podendo gerar extinções em massa durante este século?
As mudanças climáticas poderão provocar alterações dramáticas em diversos ecossistemas de nosso planeta, como as florestas tropicais, as geleiras dos pólos e os recifes de corais?
Um aumento da temperatura do planeta entre 2 e 3 °C poderia colocar em risco 43% das florestas e suas espécies, e que 40% das florestas da Amazónia poderiam se transformar em ambientes com estrutura similar a de um cerrado muito mais pobre em diversidade de espécies?
Mais de 70 espécies de sapos tropicais estão sendo dizimadas pela ação de um fungo que se beneficia de temperaturas mais altas em nosso planeta?
Processos migratórios e reprodutivos de várias espécies de mamíferos, pássaros, peixes, répteis, insetos e plantas poderão mudar dramaticamente com o aquecimento global, com consequências imprevisíveis para sua sobrevivência?
O aumento de temperatura das águas dos oceanos pode provocar impactos severos no fitoplâncton, que é o primeiro elo da cadeia alimentar marinha, e que isso pode afetar significativamente as populações de peixes e a pesca nos trópicos?
O aquecimento global poderá provocar grandes impactos nas populações de tartarugas marinhas, já que elas desovam nas praias, que serão afetadas pelo aumento do nível do mar? E que o aumento de temperatura da Terra pode provocar um desequilíbrio na proporção entre machos e fêmeas de uma mesma espécie, já que a determinação do género destes animais se dá pela temperatura da areia da praia durante a incubação dos ovos - temperaturas mais quentes geram fêmeas, e mais frias geram machos?
O aquecimento global coloca em risco crescente pelo menos quatro espécies de pinguins da Antártica?
20% das áreas protegidas que abrigam os elefantes africanos podem tornar-se climaticamente inviáveis para a sobrevivência desta espécie em 2080? [ www.wwf.org.br / http://beagle.vpro.nl/#page/item/429
Perfil do WWF-BRASIL - O VWVF-Brasil é uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza. Tem por objetivo harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.
Criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país por meio de parcerias com empresas, organizações não-governamentais, órgãos dos governos federal, estaduais e municipais, desenvolvendo atividades de pesquisa e diagnóstico; proteção de espécies e de ecossistemas ameaçados; desenvolvimento de modelos alternativos de conservação e uso dos recursos naturais; capacitação e desenvolvimento de entidades parceiras; disseminação de resultados por meio de educação ambiental, políticas ambientais e comunicação; e campanhas de mobilização social.
O WWF-Brasil integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de cinco milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários. No Brasil, além da sede na capital do país, tem ainda outros cinco escritórios: São Paulo, Rio Branco, Manaus, Campo Grande e Belém. A instituição conta também com ampla estrutura para atuar em escala nacional, trabalhando nos biomas Amazónia, Pantanal e Mata Atlântica, mantendo uma vasta base social, que inclui seu quadro de afiliados, parceiros e doadores.