Notícia

Jornal da Manhã (Cricíuma, SC)

Workshop internacional debate técnicas para conhecer mais e melhor a diversidade (1 notícias)

Publicado em 06 de novembro de 2009

Objetivo dos cientistas, que se reúnem na FAPESP, é tornar mais eficiente o diagnóstico sobre as populações biológicas para subsidiar projetos de conservação.

Nos próximos dias 9 e 10 de novembro, a Fundação de Am paro à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, promoverá um workshop internacional para discussão de instrumentais para superar técnicas e conceitos que hoje limitam o estudo da biodiversidade e a implantação e o sucesso de projetos de conservação ambiental.

Organizado pelo Programa Biota-FAPESP, o encontro irá apresentar as mais recentes ferramentas tecnológicas e bases conceituais desenvolvidas no mundo para responder às atuais questões sobre como conhecer, dimensionar e estudar mudanças nas populações biológicas de ambientes alterados, de forma a que se possa efetivamente fazer sua conservação e uso sustentável.

Coordenado por Luciano Verdade, pesquisador do Laboratório de Ecologia Animal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e membro da coordenação do Biota-FAPESP, The Biota-FAPESP Internacional Workshop on Applied Ecology and Human Dimensions in Biological Conservation (Workshop internacional do Biota-FAPESP sobre EcologiaAplicada e Dimensões Humanas em Conservação Biológica) terá participação de especialistas brasileiros, do Reino Unido, Estados Unidos e Austrália (veja programação abaixo). As palestras terão tradução simultânea.

Os temas do workshop tratam de fatores hoje limitantes para a conservação ambiental: o papel das alterações do ambiente substituição de florestas por áreas agrícolas, por exemplo — na seleção dos genes, no comporta mento e na evolução das populações da fauna e flora; a influência do fator tempo de alteração ambiental como determinante dos padrões de adaptação e de mudanças genéticas evolutivas; processos adaptativos e evolutivos em ambientes alterados; redução de biodiversidade pela ocorrência de doenças infecciosas endêmicas, como a febre maculosa, ou epidêmicas, como as chama das gripes aviária e suína; uso do instrumental genético para obtenção de informações sobre o padrão de dispersão de espécies, perda da diversidade e variabilidade.

O workshop também discutirá outro importante fator que ainda limita pesquisas sobre a conservação da biodiversidade. Jörn Scharlemann, do World Conservation Monitoring Centre, ligado ao Programa Ambiental da Or ganização das Nações Unidas (ONU), apresentará os resultados da aplicação de modelo inédito de estimativa de abundância de espécies que inclui o estudo de populações de ambientes naturais e alterados, como áreas de conservação e paisagens agrícolas, levando em consideração o tempo da interferência humana sobre o ambiente. Os dados que alimentam o modelo formulado por Scharlemann (publicado na revista Science) resultaram de um projeto do Biota-FAPESP, coordenado por Luciano Verdade, sobre a distribuição e abundância de vertebrados na bacia do rio Passa-cinco, subtnibutário do rio Piracicaba, no interior do Estado de São Paulo.

Programa Biota-FAPESP

Criado em 1999 para conhecer, mapear, analisar as origens e a distribuição da fauna e da flora do Estado, o Programa Biota-FAPESP estabeleceu em maio deste ano os objetivos para o s próximos 10 anos de pesquisas no seminário Biota+ 10 — muitos em discussão no atual workshop: inventários da biodiversidade; uso da genômica corno ferramenta de estudo; ecologia aplicada e dimensões humanas da conservação e do uso sustentável; e funcionamento de ecossistemas.

Conhecido como o Instituto Virtual da Biodiversidade, o Biota-FAPESP envolve 1.200 profissionais (900 pesquisadores e estudantes de São Paulo, 150 colaboradores de outros estados brasileiros e 80 do exterior) em 84 projetos que já resultaram na identificação de pelo menos 500 novas espécies de plantas e animais e na publicação de 700 artigos em revistas científicas. Os resultados desse esforço de pesquisa já apoiaram a formulação de dois decretos e três resoluções da Secretaria de Estado do Meio Ambiente para conservação uso sustentável da biodiversidade paulista.