Cientistas de instituições brasileiras, do Reino Unido e Japão se reúnem durante quatro dias no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) para discutir estratégias de promoção da saúde adaptadas às realidades de comunidades tradicionais da Amazônia. O 1º Workshop Brazil Verde - Vitalizando Esforços para resistir efetivamente às doenças em comunidades tradicionais acontece de 29 de julho a 1º de agosto.
Organizado pelo Inpa e pelo Imperial College London, o evento é apoiado pelo Programa Amazônia +10 em colaboração com o British Council e o Global Health Hub. A programação contempla 35 palestrantes renomados. Entre eles a pesquisadora Carolina Rosadas do Imperial College London, que investiga infecções virais negligenciadas, como por exemplo o HTLV, e Sue Ann Costa Clemens, coordenadora dos testes clínicos do imunizante de Oxford/AstraZeneca no Brasil, além de conselheira sênior da Fundação Bill e Melinda Gates.
O objetivo do workshop é discutir soluções para os principais desafios de saúde que afetam populações amazônicas, com foco especial em doenças negligenciadas em populações negligenciadas, muitas vezes invisíveis para políticas públicas. As doenças negligenciadas são aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e que afetam, principalmente, as pessoas vivendo em vulnerabilidade.
De acordo com os coordenadores do Workshop, o pesquisador Gemilson Pontes e a pesquisadora Carolina Rosadas, o evento reconhece a importância de identificar os determinantes da transmissão de doenças infecciosas em diferentes contextos ecológicos, utilizando abordagens eficazes para informar políticas de controle. Entre as doenças infecciosas negligenciadas estão tuberculose, HTLV (Vírus T-Linfotrópico Humano do Tipo 1 e 2), malária, leishmaniose, arboviroses, infecções virais emergentes e reemergentes.
Para Pontes, reunir pesquisadores com grande expertise, formuladores de políticas públicas, representantes indígenas e profissionais de saúde que atuam em comunidades tradicionais da Amazônia, é essencial para identificar as prioridades e discutir estratégias que possam melhorar a vida das comunidades e o acesso delas à saúde. “As populações tradicionais estão sendo negligenciadas e esquecidas diante de diversas realidades, e a principal delas é a saúde”, ressalta o pesquisador do Inpa.
A mesa de abertura contou com a participação do chefe de gabinete do Inpa, Jorge Porto, os coordenadores do workshop, o pesquisador do Inpa, Gemilson Pontes, e o professor da Universidade Imperial College, Graham Taylor. Também participaram da Mesa, a diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, a coordenadora do departamento de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Alda Maria da Cruz, e André Baniwa, Coordenador Geral de promoção à saúde do Ministério dos Povos Indígenas.
“O evento é um passo crucial para fortalecer a colaboração internacional e promover a troca de conhecimentos e experiências que possam contribuir para melhoria da saúde e qualidade de vida das populações do Amazonas”, destaca o chefe de Gabinete Jorge Porto, que na ocasião representou o diretor do Inpa, Henrique Pereira, que está em Brasília participando da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5 CNCTI).
A diretora da Fiocruz, Stefanie Lopes, destacou a importância da comunidade acadêmica desenvolver trabalhos junto aos saberes tradicionais, se referindo à presença do Ministério dos Povos Indígenas e às lideranças indígenas. “Saúde e ambiente andam juntos e vamos fazer mais ciência junto à sociedade”.
André Baniwa destaca que o evento é importante para alinhar a ciência com os saberes tradicionais. “Esse trabalho é fundamental, e confio muito na contribuição que a ciência tem de poder juntar esses conhecimentos”, frisa.
Os debates são realizados nos três primeiros dias do evento. No dia 1º de agosto, último dia, a programação é destinada para os participantes conhecerem Manaus.