O Workshop de Produtos Naturais aconteceu ias 21 e 22 de maio para organizar a pesquisa de substâncias extraídas de plantas ou animais realizada na Unesp. Cerca de cinquenta pesquisadores apresentaram trabalhos e discutiram como melhorar sua produção, além de enfrentar o desafio de desenvolver produtos, tais como remédios.
A Pró-reitoria de Pesquisa (Prope) e a Pró-reitoria de Pós-graduação (Propg) promoveram o evento para incentivar os cientistas da Unesp a organizar e participar de grandes projetos e editais de agências de fomento a pesquisa.
Um exemplo de grande projeto é a continuação do Programa Biota, da Fapesp. Vanderlan Bolzani, docente do Instituto de Química (IQ), câmpus de Araraquara, coordenará o grupo de trabalho sobre bioprospecção do Workshop Biota+10, que acontecerá dias 3 e 4 de junho e definirá as prioridades para os próximos dez anos do programa Biota. Vanderlan convidou os participantes a se inscreverem no workshop.
Biodiversidade - Em apresentações de dez minutos cada uma, 38 pesquisadores mostraram trabalhos que fazem jus ao fato do Brasil possuir 22% da biodiversidade do planeta.
Pesquisas sugerem o potencial de substâncias encontradas em diferentes especiés de vegetais e animais no tratamento de ansiedade, cáries, câncer, diabetes, doença de Chagas, hemorragias, problemas do envelhecimento, tuberculose e outras doenças. Além de fármacos, pesquisadores também buscam cosméticos, soros contra venenos de animais peçonhentos, higienizadores de alimentos e pesticidas de baixo impacto ambiental.
Ao final do evento, a pró-reitora de Pesquisa da Unesp, Maria José Giannini, reconheceu as dificuldades apresentadas pelos pesquisadores, como locais adequados para conservação de plantas e animais. Maria José também notou que há muitas pesquisas mostrando a atividade biológica de substâncias naturais, mas poucos testes clínicos. No sentido de mudar o quadro, a docente Silvana Schellini, da Faculdade de Medicina (FM), câmpus de Botucatu, convidou todos a buscarem parcerias com a FM, que inaugurou recentemente uma nova unidade de pesquisa clínica.
Referências nacionais - O evento contou com dois palestrantes convidados, referências nacionais sobre o tema. Ângelo da Cunha Pinto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez um breve histórico da exploração e pesquisa de produtos naturais no Brasil. Cunha Pinto disse que hoje não há no país nenhum grupo líder em produtos naturais que não tenha algum vínculo com pesquisadores da Unesp.
Em sua palestra, Isac Almeida de Medeiros, da Universidade Federal da Paraíba, descreveu todas as etapas do desenvolvimento de um fitomedicamento, da prospecção de uma substância natural à colocação de um medicamento no mercado, passando pelos testes clínicos. "Nenhum outro invento requer uma integração multidisciplinar tão ampla", ele disse. Segundo Medeiros, de cinco a dez mil substâncias pesquisadas, apenas uma única acaba nas prateleiras das farmácias. O processo todo pode demorar mais de quinze anos.