Avanços recentes da pesquisa científica e tecnológica sobre bioenergia e outras fontes de energias renováveis no mundo serão apresentados na próxima semana na segunda edição da Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference, evento que será realizado em Campos de Jordão. O objetivo da reunião é o de contribuir para a tomada de decisões sobre a redução de emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do aquecimento global, bem como a forma de transição para uma economia com sustentabilidade.
O aquecimento global provoca mudanças climáticas geradoras de desastres naturais e alterações drásticas na biologia do planeta. A elevação da temperatura média no planeta, que já é uma realidade incontestável pela ciência, está associada aos danos à camada de ozônio provocados pela emissão de gases poluentes. Durante milhões de anos, com a liberação de oxigênio pela fotossíntese das florestas, a atmosfera se manteve sem interferência humana significativa, mas com a Revolução Industrial, especialmente nas últimas décadas com o uso intensivo de combustíveis fósseis e a destruição de florestas, o equilíbrio natural foi rompido pela ação do homem.
O desafio agora é como salvar o planeta de catástrofes e do agravamento de problemas como a crise hídrica por falta de chuvas enfrentada na região metropolitana da capital. Entre os efeitos estão quebras de safras na agricultura, inundações, destruição de áreas litorâneas, aquecimento médio das águas dos oceanos, desaparecimento de espécies inclusive marinhas, secas extremas, proliferação doenças epidêmicas e outros problemas graves. Cabe aos cientistas fazer a sua parte por meio de soluções técnicas.
No encontro de Campos de Jordão, serão divulgados temas como os impactos da expansão sustentável da bioenergia, segurança energética, aspectos ambientais, geração e transferência de tecnologias, produção de etanol e de biocombustíveis avançados e motores movidos a biocombustíveis. O Estado de São Paulo é um dos que possuem maior potencial para explorar as energias renováveis graças a uma sólida indústria de equipamentos para energia eólica por exemplo. É também o maior polo produtor de etanol do mundo. O encontro reunirá cientistas ligados a instituições de ensino e pesquisa do Brasil e de outros 12 países, estudantes e representantes de organizações não governamentais, empresas e governo.
Programa
Na segunda-feira (20), haverá quatro mesas-redondas sobre Segurança Alimentar, Energética e Climática, Sustentabilidade e Inovação. Esses foram os temas centrais do Rapid Assessment Process, avaliação realizada com apoio da Secretaria do Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope), órgão intergovernamental parceiro da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A avaliação global foi coordenada por pesquisadores dos programas Fapesp de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade e de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais e teve a participação de 134 especialistas de 24 países, com foco no uso da terra, tecnologias e impactos relacionados à geração e uso de bioenergia.
O programa inclui ainda sessões plenárias, especiais e paralelas, além da exibição de painéis sobre projetos de pesquisa nas vertentes de biomassa, tecnologias para biocombustíveis, alcoolquímica e biorrefinarias, motores e outros dispositivos de conversão e integração de processos e sustentabilidade. Estão previstas para o dia 24 visitas a laboratórios, usinas e empresas instaladas no Interior Paulista. As informações são da Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Biocombustíveis
Sessões plenárias e especiais tratarão de biocombustíveis para aviação, rotas e processos para produção de bioenergia e pesquisas feitas em instituições do Reino Unido. Entre os palestrantes, estão lideranças científicas da University of York e do Biotechnology and Biological Sciences Research Council, ambos no Reino Unido; International Climate and Energy Program, ligado à National Wildlife Federation; e o National Renewable Energy Laboratory, o único laboratório federal norte-americano dedicado à pesquisa, desenvolvimento, comercialização e implementação de energias renováveis eficientes.
Sessões paralelas tratarão de tecnologias para a geração de biocombustíveis, matérias-primas, tecnologias complementares (energias eólica e solar, biogás), uso da biologia sintética para aumento do rendimento de matérias-primas, questões políticas, econômicas e ambientais envolvidas na sustentabilidade da bioenergia e a criação de inovações e transferência de tecnologias.
Uma boa notícia
Nos últimos sete anos, a frequência de adultos que dirigem após o consumo abusivo de bebida alcoólica foi reduzida em 45%, conforme indica o estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Os números mostram uma mudança nos hábitos da população, após a aprovação da lei seca e das alterações, que tornou mais rígida a proibição do consumo de álcool associado à direção.
O índice passou de 2% em 2007, para 1,1% em 2013. A pesquisa do Ministério da Saúde indica diminuição de 47% da prática de consumo de bebidas alcóolicas associado à direção entre os homens. Passou de 4,0% em 2007 para 2,1% em 2013.
Rede APJ