Os raios em temporais foi tema recorrente na semana, devido ao caso na Baixada Santista em que morreram quatro pessoas de uma mesma família em quiosque de praia. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou sete medidas que os municípios podem tomar para salvar vidas:
1. Promover informações à comunidade para não tomar banho durante as tempestades;
2. Orientar para que não use chuveiro ou torneira elétrica – secador, ferro de passar, chapinha, entre outros;
3. Desenvolver campanhas no sentido de alertar a população para evitar contato direto com qualquer objeto que possua estrutura metálica, tais como fogões, geladeiras, torneiras, canos e evitar ligar aparelhos e motores elétricos, para não queimar os mesmos;
4. Criar campanhas locais de conscientização para que os moradores desconectem das tomadas todos os aparelhos e eletrônicos tais como televisores, computadores, som; afastar-se das tomadas e evite utilizar o telefone durante as tempestades;
5. Evitar falar ao telefone e manter os aparelhos eletroeletrônicos desligados, principalmente aqueles que não estiverem protegidos;
6. Orientar os motoristas a permanecerem dentro do carro que é uma ótima proteção, pois o veículo é blindado a raios. É bom fugir do contato com material inflamável;
7. Em superfícies lisas como piscinas, rio ou mar e campos de futebol, a cabeça é o ponto mais alto na área, atraindo os raios.
Ciência no rastro da chuva
Ninguém duvida que a crise hídrica pela qual passa o Estado de São Paulo e outras regiões do País surpreendeu a todos e coloca em xeque o abastecimento de água de muitas cidades. “É chover no molhado”, diz uma expressão popular quando o assunto é de domínio público. A boa notícia é que, prevista com mais antecedência, a seca pode prevenir o problema por meio de ações concretas por parte da população e dos gestores públicos. Trabalho científico de um grupo internacional divulgado pela Revista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) revela que no futuro será possível calcular com maior precisão variações de chuva e umidade na América do Sul e, dessa forma, ajudar a agir mais cedo.
O estudo foi publicado na prestigiosa revista Scientific Reports. O conteúdo é uma combinação de estimativas de temperatura no passado e modelagem matemática para reconstruir a temperatura da superfície do Atlântico Sul nos últimos 12 mil anos. “Além de estabelecer com maior precisão o clima no período, o trabalho pode ajudar a compreender a dinâmica entre as temperaturas no oceano e a umidade no continente”, diz a reportagem da Fapesp, assinada por Salvador Nogueira.
No Sudeste
O Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo observou que o aumento da temperatura na porção norte do Atlântico Sul, próximo à linha do Equador, esteve associado a um maior volume de chuvas onde hoje é o Nordeste brasileiro e a menos chuvas no Sudeste nos últimos 12 mil anos. Inversamente, o Nordeste enfrentou períodos de secas mais severas e o Sudeste de mais chuvas quando a temperatura no sul do Atlântico esteve mais elevada.
É como se fosse uma balança em que um prato compensa o outro. A constatação dessas macro tendências leva agora os cientistas a buscar explicações que possam auxiliar as projeções do futuro. O que melhor explicou a variação climática nesses 12 mil anos foi um padrão de distribuição de temperaturas no Atlântico Sul semelhante ao observado hoje, com períodos em que a temperatura das águas superficiais era mais alta ao norte e outros em que eram mais elevadas ao sul. Os pesquisadores dão o nome de Dipolo Subtropical do Atlântico Sul ao padrão de distribuição de temperaturas em que o oceano parece ter um polo mais quente e outro mais frio – com a inversão ocasional. “Caso tenha existido nesses 12 mil anos, esse fenômeno pode ter influenciado de modo importante a distribuição das chuvas no continente”, diz a meteorologista Luciana Figueiredo Prado, coautora do estudo.
Surpresa
Essa conclusão é, até certo ponto, surpreendente, diz a Revista Fapesp. Até então se atribuía a variação no volume de chuvas na América do Sul principalmente à influência do fenômeno El Niño, flutuações na temperatura das águas superficiais do Pacífico que ocorrem em períodos curtos (15 a 18 meses).
Mas alguns trabalhos já haviam mostrado que o El Niño não explica totalmente as alterações no regime de chuvas atual da América do Sul. Parte dessa variação (cerca de 20%) parece decorrer das mudanças de temperatura na superfície do Atlântico Sul. Por essa razão, diz a revista, embora a seca de 2014 em São Paulo esteja atrelada ao El Niño, acredita-se que essa não seja ainda a história completa.
Pesquisa continua
Os cientistas envolvidos no projeto querem agora aprimorar o modelo aumentando o número de amostras de sedimentos marinhos analisados. Para coletar o material, planejam usar o Alpha-Crucis, o novo navio oceanográfico do Estado.
“O objetivo é entender esses eventos de seca ou de excesso de chuva no continente sul-americano, levando em conta a variação da temperatura de superfície do Atlântico Sul e como essas mudanças de temperatura alteram o transporte de umidade e os ventos”, diz a pesquisadora Ilana Wainer. Um tema, portanto, que permanece aberto à investigação científica.
REDE APJ