Trocar ideias e conhecimentos funciona como um sistema de rios: pequenos afluentes enchem o tempo todo a fonte principal de água. É assim, como numa grande bacia, que o Museu Nacional, que pegou fogo no último dia dois, pode manter o acervo, nem que seja na memoria.
O “rio principal” é o site Wikipédia, um dos dez mais acessados do mundo, e os afluentes, as pessoas que já foram ao museu e registraram em fotos as visitas. Agora, as imagens ganham um significado além dos álbuns de lembranças: os próprios usuários da enciclopédia virtual as carregam na plataforma Commons, que funciona como um banco de fotografias.
Desde o começo da ação, iniciada logo depois do incêndio no Museu Nacional, mais de quatro mil retratos foram compartilhados. O professor da Faculdade Cásper Líbero e supervisor do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática da Fapesp João Alexandre Peschanski, destaca que mesmo que itens perdidos não possam ser mais recuperados, é essencial tê-los na memória.
Segundo o também pesquisador do CEPID e administrador da Wikipédia há 10 anos, Célio Filho, a iniciativa pretende ir além do banco de imagens. Isso vai permitir que as pessoas não só vejam fotos do acervo, como tenham informações confiáveis sobre ele. O historiador Milton Teixeira, colunista da BandNews FM no Rio de Janeiro, diz que preservar imagens do acervo pode ajudar a prevenir novas tragédias
Para contribuir com o projeto, basta acessar o site wikipedia.org.br, descer até o final da página e clicar na opção Commons – repositório de mídia livre. Depois, é necessário criar uma conta, opção ao lado direito da tela. Por questões de direitos autorais, as fotos carregadas devem ter sido tiradas pelo próprio usuário, ou seja, imagens escolhidas na internet não são válidas.