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Warwick Kerr volta a dirigir o Inpa contornando duras pressões políticas

Publicado em 03 dezembro 1999

Ministro Sardenberg soluciona o impasse em torno da indicação do novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), nomeando (Diário Oficial de 25/11) o geneticista Warwick Estevam Kerr, que já dirigiu a Instituição, de 75 a 79. O nome de Marcus Barros, ex-reitor da Universidade da Amazônia, foi indicado por unanimidade pela comissão de cientistas, nomeada em 18/4/99 pelo então ministro da C&T, Bresser Pereira. Mas o senador Gilberto Mestrinho (PMDB/AM) e o dep. Arthur Virgílio Neto (PSDB/AM) vetaram a indicação, porque Marcus Barros é membro do PT e adversário do governo. Pressionado, o ministro Sardenberg optou por convidar um cientista de grandes méritos: Warwick Kerr, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências de SP, da Academia de Ciência dos EUA, da Academia do Terceiro Mundo, professor Honoris Causa da Universidade do Amazonas, Comendador da Estrela do Acre, presidente de honra da SBPC, professor da Universidade Federal de Uberlândia, autor de 432 trabalhos publicados, que já orientou 18 teses de mestrado e 21 de doutorado. Warwick esteve entre os organizadores e foi o primeiro diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp), de 62 a 69. Ele é especializado em genética de abelhas, genética.de Drosophila e genética de melhoramento vegetal, com linhas de pesquisas voltadas para a introdução, melhoramento e genética de hortaliças, área em que se destaca no ranking da pesquisa realizada no Brasil. PRIMEIRA TAREFA: CONSEGUIR MELHORES SALÁRIOS PARA PESQUISADORES DO INPA Falando ao JC, Warwick Kerr conta por que aceitou dirigir de novo o Inpa e quais serão suas maiores preocupações ao assumir o cargo, no dia 6 de dezembro: Se não houver solução razoavelmente rápida para a questão salário, a perda de recursos humanos qualificados no Inpa será multo grande. JC - Por que aceitou o convite do ministro Sardenberg para dirigir o Inpa, em hora de grave crise em torno da escolha do novo diretor da instituição? Warwick - Consultei a comunidade científica do Inpa e verifiquei que seria bem aceito, embora os pesquisadores do Inpa preferissem a solução saída da ^votação na qual Marcus Barros foi o primeiro nome, Maria Lúcia Absy, o segundo, e Cláudio Rui, o terceiro Como o nome de Marcus Barros foi descartado por pressão política, fiz toda a força possível para que fosse indicada a profª Maria Lúcia, uma cientista de valor, poliglota, que no momento coordena os cursos de pós-graduação do Inpa. Mas, o ministro Sardenberg não queria correr mais nenhum risco neste problema e insistiu no meu nome. JC - Quais serão suas primeiras preocupações ao reassumir a direção do Inpe? Warwick - O Inpa de hoje é diferente daquele dos anos 70. Tem um corpo de pesquisadores muito maior e melhor. A primeira tarefa que tenho a cumprir é consultar os pesquisadores sobre as necessidades mais importantes da instituição. Mas uma delas se sobrepõe. É a questão dos salários. Os professores das Universidades federais têm como salário máximo R$ 3.800.00, enquanto no Inpa o salário máximo dos pesquisadores é de R$ 2.800,00. É isto o que ganham pesquisadores muito bem preparados. Essa diferença levou a que mais de uma dezena de bons pesquisadores fizessem concurso para outras instituições e fossem aprovados. Portanto, se não houver uma solução razoavelmente rápida para a questão salário, a perda de recursos humanos altamente qualificados no Inpa será muito grande. Alertei o ministro Sardenberg para os casos da Sibéria canadense, zona de clima rigoroso, onde os pesquisadores têm pelo menos a vantagem de pagar apenas a metade do imposto de renda devido, que no Canadá é alto. Há também o caso da Patagônia, na Argentina. Os pesquisadores que aceitam trabalhar lá ganham quase o dobro do que ganhariam em Buenos Aires. Quando dirigia o Inpa, em 75, negociei a idéia de dobrar o salário para quem trabalhasse aos sábados. Algo semelhante deve ser pensado, agora, para estimular os pesquisadores do Inpa e para atrair mais cientistas de nível elevado para o trabalho do instituto, que é fundamental. JC - E quanto às suas pesquisas, o trabalho administrativo não vai lhe obrigar a um afastamento temporário? Warwick - Seja qual for a sobrecarga que encontrar, não vou interromper minhas pesquisas. Eu nunca abandono as pesquisas. Sem elas eu simplesmente não consigo viver. SBPC 2000 MOSTRA QUE CIENTISTAS E SBPC DO PARÁ PRECISAM SE ORGANIZAR A Maratona de Debates sobre Educação e C&T, promovidos pela SBPC e UnB, encontrou em Belém, em 22/11, um plenário praticamente vazio, mas muito interesse da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFPA. Em Manaus, em 29/11, o quadro foi outro. Em Belém, só uma entidade de ensino superior, a Universidade da Amazônia, particular, enviou representante. Embrapa e Museu Emílio Goeldi, com tradição em pesquisa no Pará, estiveram ausentes. Várias instituições convidadas confirmaram presença, mas não apareceram. Estranhamente, a comunidade cientifica não compareceu e isto merece uma avaliação, disse Eduardo Brandão, do Depto. de Administração da UFPA, um dos coordenadores da reunião. Mas lá estavam o reitor da UnB, Lauro Morhy, a vice-presidente da SBPC, Vilma Figueiredo, o reitor da UFPA, Cristovam Wanderiey Picanço Diniz, o pró-reitor de Pesquisa, Aberto Arruda, e o prof. Eduardo Brandão. E a Pró-Reitoria de Pesquisa da UFPA firmou com a SBPC e a UnB o compromisso de redigir o documento sobre a C&T no Pará. Sua base será o 4º Projeto Norte de Pesquisa e Pós-graduação, que fornece o quadro da C&T na região. O caso evidenciou a necessidade de reativação da secretaria regional da SBPC/PA. A reunião em Manaus, na Universidade do Amazonas (UA), teve a presença de cerca de 20 pessoas, entre representantes de instituições cientificas e sócios da SBPC/AM. Participaram representantes da Zona Franca de Manaus, Secretaria de Educação, Federação das Indústrias, Institutos de Pesquisa e Universidade do Amazonas. ASBPC foi representada pelo conselheiro Adalberto Vai e a UnB, pelo reitor Lauro Morhy. Vandick Batista da Silva, secretário regional da SBPC/AM, apresentou lista de temas cruciais, sugeridos por sócios e pesquisadores da região, sobre C&T no Amazonas: modelos de apoio à ciência; C&T como instrumento de desenvolvimento regional; remuneração de serviços ambientais; diversidade das unidades de conservação (viabilidade e sustentatibilidade); educação escolar indígena, Amazônia -emancipação, dependência ou integração; e biotecnologia. Decidiu-se aceitar propostas ao documento do AM até 9/12. A SBPC/AM ficou responsável pela redação final. MENEGHINI RECEBE PRÊMIO NA USP Rogério Meneghini ganhou o Prêmio Rheinboldt-Hauptmann 99, em Bioquímica, e, ao receber a distinção, em 17/11, no Anfiteatro de Convenções e Congressos Camargo Guarnieri, no campus da USP, proferiu conferência sobre biologia molecular estrutural. Meneghini dirige o Centro de Biologia Molecular Estrutural, em implantação no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. Antes, ele trabalhou como professor e pesquisador no Depto. de Bioquímica do Instituto de Química da USP. O Prêmio Rheinboldt-Hauptmann reconhece a excelência de trabalho científico nas áreas de química e bioquímica. Foi criado em 87 pelo Instituto de Química da USP e, desde 95, tem o patrocínio da Empresa Rhodia. O nome do prêmio é uma homenagem a Heinnch Rheinboldt e Heinrich Hauptmann, professores alemães, que fundaram o Depto. de Química da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, e tiveram papel importante na nucleação do atual Instituto de Química. CIÊNCIA HOJE NA ESCOLA: NOVIDADES Serão lançados em dezembro mais dois volumes da Ciência Hoje na Escola, série paradidática para uso em sala de aula. O volume Tempo e Espaço, o 7º da série, enfatiza o caráter social e histórico dessas noções. Ele reúne artigos de historiadores, antropólogos, arqueólogos, geógrafos, matemáticos e físicos de diferentes centros brasileiros de pesquisa. Junto vem o Caderno do Professor, com idéias de uso dos artigos em atividades integradas especial para estudantes de 5ª a 8ª séries. Matemática - Por Quê e Para Que o 8º volume da série. Seus textos também foram produzidos por professores e pesquisadores brasileira. Ele procura propiciar aos alunos dos 3º e 4º ciclos do ensino fundamental a oportunidade de pensar sobre a historicidade dos conceitos matemáticos, sobre a lógica e a linguagem próprias aos conhecimentos matemáticos, além de estimular que os próprios estudantes elaborem questões de matemática. Seu Caderno do Professor sugere a montagem de uma Olimpíada de Matemática diferente, na escola. Volumes já publicados pela coleção Ciência Hoje na Escola: 1. Céu e Terra; 2. Bichos; 3. Corpo Humano e Saúde; 4. Meio Ambiente -Águas; 5. Ver e Ouvir; 6. Química no Dia-a-Dia. Pedidos pelo fone 0800 264846. FUNDO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO SUPERIOR, PROPÕE A UFRJ A UFRJ apresenta anteprojeto de lei sobre financiamento das Universidades federais, procurando superar o impasse entre o MEC e as Universidades na debate da proposta de autonomia. Nessa proposta, três eram as questões colocadas: financiamento; mudança do regime jurídico de trabalho dos servidores dessas instituições; e introdução de novo instrumento de gestão - contrato de desenvolvimento institucional. Na questão vital do financiamento, o que o MEC propunha era fixar como base para o repasse de recursos - que passariam a ser alocados sob a forma de subvenção econômica - o montante efetivamente transferido em 97, sem que nenhum critério de atualização desse valor fosse estabelecido. Na visão das Universidades, isso implicaria um risco muito grande, pois, mesmo com as atuais taxas de inflação, a perda orçamentária das Universidades federais, em termos reais, seria muito grande. Ademais, daquele montante seriam descontados 7%, que ficariam à disposição do MEC para aplicação em programas de expansão e melhoria das Universidades federais. A proposta alternativa apresentada pela Andifes, por sua vez, deseja ver destinados às Universidades 75% dos 18% alocados à Educação. Tal proposta, embora preserve a participação do ensino superior público no orçamento fiscal da União, pode suscitar grande resistência política, por também congelar (em termos relativos) a participação do ensino fundamental naquele orçamento e pelo automatismo do mecanismo que propõe, já que tais recursos seriam distribuídos independentemente da verificação da eficácia do sistema no cumprimento da missão social que lhe é atribuída. A UFRJ considera que as três questões levantadas pela proposta do MEC devem ser tratadas separadamente - certamente nenhuma delas projetos de lei que visem regulamentar o artigo 207 da Constituição, que atribui autonomia às Universidades; tal artigo é auto-aplicável, sendo portanto desnecessária sua regulamentação. As Universidades precisam é de Lei Orgânica que trate dos assuntos próprios ao funcionamento e à estruturação das instituições de ensino superior, entre eles o das carreiras docente e técnico-administrativa e dos modelos de gestão. A UFRJ acha que a necessidade mais urgente ó de um projeto específico sobre financiamento. Por isso, ela propõe: 1. Que se destine ao conjunto das Universidades federais um montante de recursos provenientes do orçamento da União, para seu custeio e investimento básicos, tomando por base o orçamento de 97, mas com correção anual a taxa de 5% 2. Que os recursos sejam distribuídos às Universidades federais, sob a forma de dotação global, e entre elas partilhados segundo critérios que levem em conta suas dimensões (físicas e humanas) e a qualidade e a produtividade de suas atividades. 3. Que se crie um Fundo de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior (Fades), com receitas formadas por dotações do Tesouro Nacional (17% do incremento anual da arrecadação líquida dos impostos federais); tais recursos seriam destinados exclusivamente à criação de novas Universidades federais (se for o caso) e à expansão, melhoria e desenvolvimento das atualmente existentes. 4. Que o critério de acesso a esses recursos não seja automático, mas se dê através do julgamento de projetos e programas, apresentados pelas Universidades federais, segundo critérios que considerem a qualidade do projeto, o desempenho acadêmico das entidades proponentes e a pertinência dos projetos às prioridades do país no campo da ciência, tecnologia e cultura. 5. Que o Fades seja administrado por Conselho amplamente representativo, com representantes do governo federal, do Congresso nacional, das Universidades federais, das Sociedades Científicas (através da Academia de Ciências e SBPC), dos docentes, dos estudantes e dos servidores técnico-administrativos das Universidades federais. Com esse anteprojeto, a UFRJ visa à criação de um mecanismo que atenda ao interesse das Universidades federais, garantindo-lhes recursos anuais crescentes; do MEC, que passaria a dispor de um fundo significativo, para implementar políticas de desenvolvimento do ensino superior; da sociedade, pela maior transparência no processo de alocação de recursos ao ensino superior, criando condições para que se avance em direção a um sistema universitário moderno, socialmente eficaz e de qualidade. PRÊMIO CIDADE DO RJ DE C&T DE 99 Otto Gottlieb e Waldimir Pirró y Longo são os ganhadores do Prêmio Cidade do RJ de C&T de 99, que foi entregue, em 22/ 11, pelo prefeito Luiz Paulo Conde, em ato no Palácio da Cidade, em presença dos representantes da Rede Ibero-Americana de C&T (Cyted). Otto Gottlieb já foi indicado para receber o Prêmio Nobel de Química. Formado em química industrial, hoje ele desenvolve pesquisas na Fiocruz. Seus trabalhos proporcionaram uma base para estudos biogeográficos e permitiram melhor compreensão de como a biodiversidade é gerada. Waldimir Pirró y Longo, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), tem se destacado, sobretudo, como especialista em metalurgia, defensor da tecnologia nacional, e autor de novas idéias para o sistema de ensino da C&T. Ele também prestou serviços importantes na Faperj, Finep, Flutec e CNPq. Professor do Instituto Militar de Engenharia, coordenou seus programas de pós-graduação. O Prêmio Cidade do RJ de C&T - criado pela Prefeitura do Rio, através da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico e C&T, e organizado pela Rede de Tecnologia do RJ - busca incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico da cidade e reconhecer pessoas que efetivamente contribuíram para o desenvolvimento da humanidade com trabalhos realizados em Universidades, Centros de Pesquisa ou outras instituições sediados na cidade. Prestigiaram a entrega do prêmio os representantes dós 21 países-membros da Rede Ibero-Americana de C&T (Cyted), que realizavam sua reunião anual no Rio. MAST: VÍDEO SOBRE SANTOS DUMONT O vídeo focaliza a vida e a obra do inventor brasileiro Santos Dumont, uma das figuras mais Importantes da história da aviação em todo o mundo. Produzido pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), traz fotos e filmes da época. O argumento, roteiro e direção são de Henrique Lins de Barros, diretor do Mast, que também fez a música e parte da locução. Com edição e imagens de Durval Costa Reis e Rubem Djelberian, o vídeo mostra o esforço de Santos Dumont, da conquista da dirigibilidade dos balões até as soluções aerodinâmicas para, elevar-se e manter-se no ar o famoso 14-Bis. Pedidos pelo fone -(021) 580-7010, r. 205, ou pelo e-mail