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Agência USP de Notícias

Vogt propõe a criação de uma agência nacional do ensino superior

Publicado em 25 novembro 2002

Por André Chaves de Melo - do Jornal da USP
Um caminho alternativo, do meio termo. Essa foi a idéia defendida hoje por Carlos Vogt, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), quando questionado sobre a proposta de Cristóvão Buarque, senador eleito e provável ministro da Educação do governo Lula, de transferir as universidades federais para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), deixando para o Ministério da Educação (MEC) apenas a responsabilidade sobre o ensino infantil e o básico (fundamental e médio). A declaração aconteceu durante a realização da III Conferência Mundial de Jornalistas Científicos, que ocorre junto com o 7° Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, na Universidade do Vale do Paraíba (Univap), em São José dos Campos, interior de São Paulo. O argumento de Buarque se baseia na idéia de que isso permitirá uma maior participação dessas instituições na formulação das políticas públicas para a ciência, tecnologia e inovação, considerada pequena e insuficiente por ele. Além do ensino, elas se dedicam em larga medida a essas atividades, formando, junto com as três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) e diversos institutos, a base do sistema brasileiro de pesquisa. Em contrapartida, o MEC ficaria liberado para concentrar maiores esforços no ensino básico, notadamente na melhoria da qualidade. Para Vogt - coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp (LabJor), membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) - o MCT é um órgão de atuação específica, temática e deve interagir com todos os outros ministérios, como vem acontecendo, para que a atual ampliação das atividades de pesquisa continue. E, por isso, passar ao MCT a administração das universidades federais poder levar a uma confusão com a soma de problemas de naturezas diferentes. Entretanto, o cientista concorda que o MEC poderia concentrar mais esforços no ensino básico e, para isso, propõe a criação de uma agência nacional do ensino superior, ligada ao Ministério da Educação. Esta agência ficaria responsável pelo repasse de verbas para as federais - que receberiam autonomia - e no estabelecimento de mecanismos de fiscalização e acompanhamento de atividades acadêmicas e administrativas desenvolvidas por elas, incluindo o Provão, que também passaria para a sua responsabilidade. "O novo órgão teria um presidente e um conselho formado por representantes das universidades, dos ministérios, secretarias federais e de entidades como a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências, que ficariam responsáveis pelo estabelecimento da autonomia e dos mecanismos de controle", afirma. "Não sei como isso seria feito, se por decreto presidencial ou outro tipo de medida jurídica, mas acredito que a agência pode ser uma boa alternativa." Além dessa questão, Vogt relatou, durante sua participação na sessão plenária "Jornalismo Científico, Educação e Cidadania", uma série de iniciativas feitas pelo LabJor, SBPC e Fapesp ligadas às atividades de divulgação da ciência. A mesma sessão teve a participação de Ismar Soares, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, que narrou suas experiências no desenvolvimento do Educom, projeto em parceria com a Prefeitura do Município de São Paulo para a instalação de rádios comunitárias e capacitação de membros da comunidade (professores, pais e alunos) em 455 escolas. Também contou com Wolfgang Goede, editor da P.M. Magazine (Alemanha), precursora de algumas revistas de divulgação científica, como Muy Interessante e Superinteressante, Prakash Khanal, da Associação Nepalesa de Jornalistas Científicos e Maj-Lis Tanner, da Associação Finlandesa de Jornalistas Científicos. Antes dessa plenária, ocorreu a Conferência I "A Alfabetização Científica no Século XXI", com Ulisses Capozoli, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) - promotora do evento - editor da versão brasileira da revista Scientific American e doutorando em História da Ciência pelo Centro de História da Ciência da USP (CHC), Glaci Zancan, presidente da SBPC, Nilson Lage, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Kenji Makino, da Associação dos Jornalistas de Ciência e Tecnologia do Japão. Eles discutiram iniciativas baseadas na interação entre o jornalismo e a educação com a meta de promover um melhor entendimento da ciência por parte da maioria da população mundial. Apesar da abertura oficial da conferência ter ocorrido no domingo (24), no sábado (23), pela manhã, membros da Federação Mundial de Jornalismo Científico (WFSJ) se reuniram no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para discutir as propostas para a criação do estatuto da entidade, cuja criação será oficializada na quarta-feira (27), último dia da conferência. Ainda há mais: os interessados em acompanhar a transmissão ao vivo do evento podem acessar o site ScienceNet (www.sciencenet.com.br), projeto desenvolvido em parceria pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP) e Universidade do Sagrado Coração (USC), ambos em Bauru, interior de São Paulo, e que tem como objetivo a promoção da cultura da divulgação cientifica no Brasil. AGÊNCIA USP de Notícias - Divisão de Informação, Documentação e Serviços Online Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, n° 374, conj. 244, São Paulo - SP. Tel. 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