No dia 27 de março, foi promovido o workshop “A Unesp e o Desafio de Coordenar Grandes Redes de Pesquisa e Inovação: um Olhar para a Interdisciplinaridade”. O evento, realizado no Núcleo de Educação a Distância, em São Paulo, reuniu pesquisadores da Unesp, da Unicamp e representantes da Fapesp e do CNPq.
Abrindo os debates, a pró-reitora de Pesquisa Maria José Giannini afirmou que, embora a Universidade tenha aumentado o número de projetos temáticos na Fapesp, ainda está muito aquém da Unicamp e da USP. “Falta ousadia aos nossos pesquisadores para assumir a coordenação desse tipo de iniciativa”, assinalou.
Em seguida, Augusta Alvarenga, da USP, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, fizeram uma mesa-redonda abordando a interdisciplinaridade. “Os problemas de pesquisa do mundo atual exigem respostas que não podem ser encontradas em apenas uma fronteira disciplinar”, enfatizou Augusta.
Para Brito Cruz, o financiamento de pesquisa também se transformou – no modo de fazer e na escala, hoje na casa dos milhões de reais. “Essa mudança demorou a ser percebida pelas agências de fomento, o que prejudicou muito o Brasil num determinado momento”, lamentou.
Na segunda mesa-redonda, Maria Beatriz Bonacelli apresentou o Departamento de Política Científica e Tecnológica no Instituto de Geociências da Unicamp, criado para ser multidisciplinar.
Ao lado dela, Alexandre Garcia Costa da Silva, da Coordenação Geral de Programas de Pesquisa em Ciências Exatas do CNPq, criticou a hiperespecialização dos periódicos brasileiros. “Isso está na contramão de outras revistas científicas de ponta, como a Nature e a Science”, disse.
Douglas Eduardo Zampieri, coordenador da Área de Pesquisa para Inovação da Fapesp, analisou a busca por números de artigos, no Brasil. “É necessária uma política direcionada para diminuir a quantidade e investir em qualidade”, concluiu.
Com ele, Vanderlan Bolzani, diretora da Agência de Inovação da Unesp (AUIN), citou como exemplo de interdisciplinaridade as indústrias de cosméticos, que investem em neurociência, “para entender a sensação provocada pelos aromas, pelas texturas dos produtos no contato com a derme”.
O evento foi encerrado com palestras nas áreas de Humanidades; Ciências Exatas e da Terra; Agrárias; e Biológicas. Tullo Vigevani, professor aposentado do Câmpus de Marília e pesquisador do INCT da Unesp para Estudos sobre os Estados Unidos foi o primeiro a falar. “Nossa rede não foi criada artificialmente, mas pelo resultado da articulação de pesquisadores que trabalham juntos há mais de 20 anos”, contou.
Élson Longo, do Instituto de Química, Câmpus de Araraquara, apresentou o INCT de Nanotecnologia da Unesp e Centro de Desenvolvimento de Materiais, que envolve sobretudo Unesp, UFSCar, USP e IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). Participaram ainda do evento, discorrendo sobre a área de Ciências Agrárias, Lúcia Galvão de Albuquerque, do Câmpus de Jaboticabal; e, sobre a área de Ciências Biológicas, Mario Sérgio Palma, do Câmpus de Rio Claro.
No final do evento, foi realizado um intenso debate sobre a promoção da interdisciplinaridade e da inovação na Universidade.