Em busca de uma vaga na corrida presidencial do ano que vem, o governador João Doria (PSDB-SP) pretende chegar à COP26 como uma carta na manga: um novo fundo de R$ 100 milhões para a Fapesp (Fundação de Amparo à Pequisa do Estado de São Paulo) dedicado exclusivamente à pesquisa na região da Amazônia.
O valor, diz a secretária Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico), pode chegar a R$ 500 milhões, a depender da finalização do edital e de sua modelagem, que permitirá o aporte de recursos privados e de outras fundações semelhantes.
"Nós já somos um contraponto ao governo Bolsonaro, que isolou o país. O Brasil não tem compromisso com a descarbonização, nós temos", afirmou Doria em Dubai, onde integra uma missão empresarial antes de embarcar no sábado (30) para Glasgow (Escócia), que sediará a reunião do clima da ONU.
Doria já fez reuniões com os oito governadores que estarão na COP26, buscando montar uma agenda comum. Segundo Ellen, um detalhe do edital é único: ele exige a presença de ao menos um pesquisador ou instituto da região para ser aprovado. "Isso estimulará o ecossistema da ciência na região", afirmou.
Doria quer ser candidato a presidente pelo PSDB, onde enfrenta prévias contra o governador Eduardo Leite (RS). Desde o ano passado, ao apostar na produção local da vacina contra a Covid-19, adotou uma defesa pública da ciência ante o negacionismo de Bolsonaro no trato da pandemia.
A postura foi vitoriosa no caso das vacinas, até hoje combatidas pelo presidente, mas foi arranhada por críticas eventuais a decisões de liberalização de medidas para tentar conter a circulação do vírus.
O maior problema que o tucano teve, ao menos em termo retórico, foi quando em 2020 seu governo propôs tomar o superávit de universidades estaduais e da própria Fapesp para ser integrado ao Tesouro estadual.
Ao fim, o governador teve de recuar da ideia, em outubro. Desde então, concentra esforços para superar o episódio.