Pesquisadores pedem ações urgentes para frear agressões e fortalecer ambiente escolar seguro diante da escalada de conflitos e bullying
A atingiu patamares preocupantes na última década. Dados recentes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) revelam que o número de atendimentos hospitalares relacionados a casos de violência interpessoal em escolas cresceu mais de três vezes, saltando de 3,7 mil em 2013 para 13,1 mil em 2023 . Essa situação, alarmante, foi destacada em uma análise publicada pela FAPESP
Crescimento de agressões e insegurança nas escolas
As estatísticas não apenas refletem o aumento de agressões físicas e psicológicas no ambiente escolar, mas também levantam um sinal de alerta sobre a crescente crise de segurança que afeta alunos, professores e toda a comunidade educacional . O Ministério da Educação (MEC) classifica as diferentes formas de violência vivenciadas nas escolas, que vão desde ataques planejados até práticas recorrentes como bullying e discriminação . A chamada violência institucional também é uma preocupação, caracterizada pela negligência das instituições em abordar questões cruciais como diversidade racial e de gênero nos currículos pedagógicos
Além do crescimento nos números de agressões, a sensação de insegurança entre os estudantes tem se intensificado. O Atlas da Violência 2024 indica que o percentual de alunos do ensino fundamental que deixaram de frequentar a escola por medo quase dobrou entre 2009 e 2019 , passando de 5,4% para 11,4% . Paralelamente, a incidência de bullying também se agravou, afetando 40,5% dos alunos em 2019 , comparado a 30,9% uma década antes
Fatores sociais, redes extremistas e abandono institucional
Pesquisadores atribuem essa escalada da violência a diversos fatores interligados . A desvalorização da carreira docente e a falta de políticas públicas eficazes para mediar conflitos no ambiente escolar estão entre as principais causas apontadas. Adicionalmente, a normalização de discursos de ódio tem desempenhado um papel significativo nesse contexto negativo.
Outro fator relevante é a influência das redes sociais . Grupos extremistas têm utilizado essas plataformas para disseminar ideologias violentas que impactam diretamente adolescentes e jovens em idade escolar
Ademais, o cenário fora das escolas agrava ainda mais a situação. Regiões marcadas por altos índices de violência urbana tráfico de drogas e frequentes tiroteios nas proximidades das instituições educacionais têm contribuído para o adoecimento emocional tanto dos alunos quanto dos profissionais da educação.
Os especialistas consultados pela FAPESP destacam que o desafio atual é a reconstrução de ambientes escolares seguros e acolhedores . Para alcançar esse objetivo, é necessário investir na formação contínua dos professores fortalecer as redes de apoio psicossocial e implementar mecanismos eficazes para responsabilizar aqueles envolvidos em episódios violentos.