A violência nas escolas deu um salto alarmante nos últimos dez anos. Um levantamento realizado pela Revista Pesquisa FAPESP, com base em dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), aponta que o número de vítimas de violência escolar cresceu 254% entre 2013 e 2023. Em números absolutos, foram 3,7 mil vítimas em 2013, contra 13,1 mil em 2023.
O cenário preocupante vai além das estatísticas e, nem é preciso ir muito longe para exemplificar essa realidade. Em Natal, no dia 17 de dezembro de 2024, um aluno foi baleado na cabeça por uma colega de 19 anos dentro da Escola Estadual Berilo Wandekey, no bairro Neópolis. O caso ganhou destaque nacional. No entanto, episódios de agressão a professores e professoras, assim como ameaças em sala de aula, muitas vezes sequer chegam aos jornais.
A violência não se limita a ataques físicos. Entre os dados analisados pela FAPESP, 2,2 mil ocorrências envolveram violência autoprovocada, como automutilação, ideação suicida, tentativas e até suicídios consumados. Esse tipo de agressão cresceu 95 vezes em relação ao início do período avaliado.
O aumento expressivo da violência escolar não é fruto do acaso. Segundo a pesquisa, fatores como a desvalorização da atividade docente, a banalização de discursos de ódio e o despreparo de parte das secretarias de Educação para lidar com conflitos relacionados ao racismo, à misoginia e a outras formas de discriminação estão entre os principais motivadores desse cenário.
Diante da crise, é urgente a adoção de políticas públicas voltadas à valorização dos profissionais da educação, investimentos em segurança escolar, programas de prevenção à violência e formação continuada para lidar com os desafios da sala de aula. Uma coisa é certa: enquanto medidas estruturais não forem adotadas, a comunidade escolar seguirá sendo alvo da violência.