O Brasil enfrenta um crescimento nos casos de violência no ambiente escolar, segundo dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fafesp). A desvalorização da atividade docente no imaginário coletivo, a relativização de discursos de ódio e o despreparo de secretarias de educação para lidar com conflitos derivados de situações de racismo e misoginia são hipóteses que podem explicar agressões em instituições de ensino, que provocaram ao menos 47 vítimas fatais desde 2001.
De acordo com a pesquisa da FAPESP, o Ministério da Educação (MEC) reconhece quatro tipos de violência que afetam a comunidade escolar.
O primeiro refere-se às agressões extremas, com ataques premeditados e letais; o segundo abarca situações de violência interpessoal, envolvendo hostilidades e discriminação entre alunos e professores; e o bullying, quando ocorrem intimidações físicas, verbais ou psicológicas repetitivas.
Ainda de acordo com o estudo, há a violência institucional, que conta com práticas excludentes por parte da escola. Por exemplo, quando o material didático utilizado em sala de aula desconsidera questões de diversidade racial e de gênero.
Por fim, o MEC também identifica problemas abrangendo o entorno da instituição, como tráfico de drogas, tiroteios e assaltos.
Segundo dados do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), em 2013, foram registradas 3,7 mil vítimas de violência interpessoal nas escolas, valor que subiu para 13,1 mil, em 2023.
Os números contemplam estudantes, professores e outros membros da comunidade escolar. Entre as ocorrências, 2,2 mil casos envolveram violência autoprovocada (automutilação, autopunição, ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídios). Este tipo de agressão aumentou 95 vezes entre 2013 e 2023.