“A escola deveria ser um lugar de proteção, e não mais um espaço de risco”, alerta pesquisadora da Flacso
O avanço da violência dentro das escolas brasileiras tem deixado de ser um alerta para se tornar uma realidade preocupante. Em uma década, os casos triplicaram, com episódios que vão de agressões físicas a situações mais graves, como a presença de armas e violência sexual. Os dados são do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) condensados pela Revista Pesquisa FAPESP
Para Miriam Abramovay, especialista da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), esse cenário reflete uma crise antiga, mas ignorada até os ataques mais recentes.
“A agressão física é cotidiana nas escolas” e por muitas vezes, segundo ela, a violência se tornou uma forma comum de resolver conflitos.
Abramovay ressalta que enfrentar o problema não pode recair apenas sobre professores. É preciso uma política pública robusta que envolva toda a comunidade escolar.
“A escola deveria ser um lugar de proteção, e não mais um espaço de risco; ela também tem que ser protegida”, defende.
Além disso, ela destaca a necessidade de valorizar o magistério com salários dignos e formação continuada, além de incentivar uma gestão democrática com escuta ativa e participação coletiva.
“Mesmo que adolescentes e jovens evadam mais, a escola ainda é a principal instituição social que eles frequentam.”
A pesquisadora também faz um alerta sobre o uso generalizado do termo bullying e o acesso às redes sociais. “Automutilação, suicídio e agressões físicas são fenômenos de violência em si”. Parte dessas manifestações, de acordo com ela, tem relação direta com o ambiente virtual.
Neste contexto, o problema se agrava com o crescimento de grupos extremistas e criminosos nas redes sociais, onde muitos jovens isolados — os chamados “jovens de quarto” — buscam acolhimento.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil