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Meio Ambiente

Viabilidade de captura de CO2 para produção de hidrocarbonetos

Publicado em 09 junho 2021

Pesquisa brasileira testa viabilidade de captura de CO2 para produção de hidrocarbonetos.

Um novo projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) vai testar a viabilidade de produzir hidrocarbonetos a partir da captura de CO2 e fontes renováveis de energia, para produção de produtos de hidrocarbonetos sintéticos.

Batizado de CO2CHEM, o projeto será desenvolvido pela Repsol Sinopec Brasil (RSB), em parceira com o RCGI, centro de pesquisa da USP; SENAI Cetiq; e da Hytron, criada a partir de pesquisas na Unicamp e voltada para soluções para produção de hidrogênio.

A ideia é processar combustíveis e outros produtos sintéticos derivados de cadeias de carbono (hidrocarbonetos).

A estratégia de descarbonização, por sua vez, vem dos insumos – monóxido de carbono/CO e hidrogênio/H2 – obtidos a partir da captura de dióxido de carbono/CO2, um gás do efeito estufa, e da eletrólise da água usando energia gerada a partir de fontes renováveis.

Assim, ao menos no processo industrial de fabricação dos combustíveis, é possível evitar a emissão de carbono.

“Uma das alternativas que exploramos é a utilização do CO2 proveniente de diferentes fontes para gerar produtos de alto valor agregado, como combustíveis e produtos químicos, especialmente aqueles que ainda não possuem substitutos, como lubrificantes, querosene de aviação ou petroquímicos”, explica Támara García, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Repsol Sinopec.

Segundo a RSB, serão implantados, em escala piloto, dois sistemas integrados com tecnologias nacionais capazes de consumir CO2.

O carbono pode vir tanto das operações exploração e produção de petróleo e gás, como queima de combustível ou até mesmo a captura do ar.

“Esse processo industrial é mais sustentável ao fechar o ciclo do carbono e diminuir a pegada de CO2 das nossas atividades”, diz.

Com a demanda por redução da pegada de carbono de substituição de combustíveis fósseis, petroleiras vêm definindo metas de descarbonização para o horizonte 2050, o que fomenta projetos como o CO2CHEM.

“Atualmente, a redução das emissões de CO2 é um dos pilares fundamentais da nossa estratégia de Pesquisa e Desenvolvimento, alinhado ao objetivo global do grupo Repsol de ter zero emissões líquidas até 2050”, explica Támara.

A executiva detalhou a estratégia de P&D da companhia durante participação em evento produzido pela epbr, em parceria com o IBP, no fim do ano passado.

Cláusula de P&D

Além da empresa e instituições de pesquisas, o CO2CHEM tem apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII).

Na indústria nacional de petróleo, todos os produtores, caso da RSB, tem a obrigação de investir em P&D localmente, em projetos autorizados pela ANP. Entre 2018 e 2020, os campos geraram R$ 5,4 bilhões em obrigações de investimento.

O Instituto alemão Fraunhofer participará em algumas etapas do projeto, firmando uma importante colaboração para transferência tecnológica da Alemanha para o Brasil.

“E devido ao seu pioneirismo, o projeto tem atraído interesse de outras importantes agências de financiamento, como a FAPESP, um importante órgão de fomento à pesquisa do Estado de São Paulo, que se demonstrou interessada pelo escopo técnico do projeto”, diz a RSB. (biodieselbr)