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Associação de Leitura do Brasil

Versos infantis de João Köpke ganham primeira edição após 120 anos inéditos (1 notícias)

Publicado em 20 de maio de 2017

Após permanecer inédita por cerca de 120 anos, a obra “Versos para os pequeninos”, escrita pelo educador João Köpke (1852-1926), ganhou neste ano a sua primeira edição.

Em um esforço que reuniu a pedagoga Maria Lygia Köpke Santos, bisneta do autor, a pesquisadora e professora Norma Ferreira, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Fapesp, a obra ganhou uma edição on-line fac-similar, que pode ser lida no link goo.gl/gQv6FL.

A obra disponibilizada virtualmente é a reprodução visual das 54 páginas de um caderno, escrito provavelmente entre 1886 e 1897 e que permanecia sob os cuidados da família do autor. Foi seu filho, Winckelmann Köpke (1886-1951), quem inicialmente guardou o original, composto de 24 poemas infantis manuscritos, todos organizados em sequência e acompanhados de diferentes ilustrações, sempre estampadas em páginas à esquerda — os poemas ficam à direita, e cada um apresenta uma diferente disposição de traçados, das estrofes e das letras.

Köpke escreveu a obra assim que se mudou de São Paulo para o Rio, em 1886, época em que criou o Instituto Henrique Köpke, uma escola particular e, também, uma plataforma editorial pela qual ele lançava seus próprios livros de alfabetização e de leituras para crianças.

De acordo com a pesquisadora, a obra acabou não sendo publicada por apresentar uma perspectiva pedagógica que destoava “das propostas pedagógicas e da visão sobre criança predominantes no final do século XIX”, diz Norma, que analisou a obra em sua tese “Versos para os pequeninos, de João Köpke: estudo sobre um manuscrito inédito”.

Para ela, “Versos...” guarda atributos, como a irreverência e a linguagem popular, que o tornam peculiar, e um trabalho que se distingue da própria produção de Köpke à época, elaborada para atender à demanda do mercado editorial e do cenário intelectual e educacional do final do século XIX.

— A importância de se publicar o material se deve à singularidade do que ele apresenta. Diferentemente dos autores da época, Köpke não cria histórias para ensinar às crianças bons comportamentos, a serem educadas, limpinhas, religiosas, piedosas e humildes — afirma Norma. — São poemas bastante inventivos, em que ele brinca com a língua, com aspectos lúdicos, em vez de criar lições de moral.

Em poemas como “A lição”, por exemplo, o autor zomba dos métodos de alfabetização legitimados com os versos: “Venha a lição:/ Repitam todos./ Amollação!”.

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POR LUIZ FELIPE REIS