No sábado, 21 de dezembro, começa o Verão, época marcada por muitas chuvas em Cuiabá, assim como todo o Estado. Dias mais amenos, com temperaturas abaixo dos 40ºC, dando um pouco de “refresco” após bater recorde atrás de recorde com maiores temperaturas. Mas se ameniza o calor, aumentam riscos à saúde. O período de chuvas, com tempo quente, é o mais propício para o mosquito Aedes aegypti proliferar. Apesar de ter um ciclo de vida de apenas 45 dias, um mosquito Aedes pode colocar até 450 ovos.
E, no verão, o tempo que uma larva leva para chegar à fase adulta é de 8 a 10 dias. Esse é o principal motivo para os casos de dengue explodirem no verão. E não é só ela. Temos também a zika e a chikungunya. Este ano, Mato Grosso registrou quase 64 mil casos das três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Mas vale lembrar que estes números são uma pequena parcela do problema, uma vez que centenas de pessoas pegam alguma destas doenças e não recebem o diagnóstico, muitas vezes nem fazem exames. Em relação à dengue, este ano já são mais de 42 mil casos notificados, contra cerca de 30 mil no ano passado. O vírus zika tem uma parcela muito pequena na infecção, com 455 casos este ano. Mas é a chikungunya que vem despertando todos os alertas.
Desde janeiro, Mato Grosso já registrou 21.116 casos da doença. No mesmo período do ano passado, eram apenas 333. As crianças já aprendem na escola e não há adulto que não saiba que a prevenção contra a dengue precisa começar dentro de casa e, no quintal, pois 75% dos focos se encontram nestes locais e no entorno deles. As previsões para o verão não são nada animadoras. Autoridades sanitárias já alertaram sobre o aumento da incidência da dengue. E, nunca é demais lembrar, que a dengue mata, assim como as outras doenças. Este ano, já são 39 óbitos confirmados por dengue em Mato Grosso e 12 mortes por chikungunya.
Mas, mesmo diante de tantas notícias ruins, a ciência, mais uma vez, mostra a luz no fim do túnel. Nesta segunda-feira (16), o Instituto Butantan entregou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os documentos para a aprovação de sua vacina contra dengue, a primeira do mundo em uma única dose. Caso seja dada a autorização, a instituto terá condições de produzir 100 milhões de doses para o Ministério da Saúde pelos próximos três anos. Hoje, existe vacina contra a dengue disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, mas as doses estão em poucas cidades. Em Mato Grosso, por exemplo, só 35 municípios receberam os imunizantes.
A vacina hoje aplicada é fornecida pela farmacêutica Takeda. Por ter uma produção limitada, as vacinas foram destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas. Vale lembrar que o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. Agora, a vacina produzida no Brasil pode trazer mais esperança. Ela já é considerada um dos maiores avanços da saúde e da ciência na história do país e uma enorme conquista em nível internacional. A ciência, como sempre, tem feito a sua parte. Agora, cabe a cada cidadão fazer a sua.