Rápida, planejada, hiperconectada. Assim será a pecuária bovina no futuro, ou pelo menos sua fração mais tecnificada, já que existem Brasis dentro do Brasil e diferentes realidades sobrepostas dentro do setor. Essa nova pecuária está sendo construída com base no conceito de Revolução 4.0, criado pelos alemães em 2012 para designar a “quarta era industrial” do mundo, puxada pela automação e tecnologias da informação (TI).
Muitas das tecnologias da chamada “Pecuária 4.0” estão disponíveis no mercado ou em teste, devendo se tornar corriqueiras em futuro próximo, não apenas porque conferem maior eficiência às operações, mas porque falta mão de obra no campo. Dezenas de companhias especializadas e startups (jovens empresas voltadas à inovação) trabalham dia e noite para fazer essa revolução acontecer.
Startups apresentadas na reportagem de capa:
Agrosmart – Monitora, por meio de imagens de satélite e sensores espalhados no campo, dados pluviométricos, climáticos e de umidade do solo, que indicam para o pecuarista irrigante quando e quanto irrigar. Também auxilia, irrigantes e não-irrigantes, na tomada de decisão sobre a aplicação de produtos (fertilizantes, herbicidas etc) em função das chuvas e ajuda a programar o manejo de entrada e saída de animais do pasto evitando a compactação do solo.
Agronow – Monitora, por meio de imagens de satélite, a disponibilidade de forragem no pasto e seu teor de matéria verde e matéria seca. Atrelada à meta de ganho de peso dos animais, essa informação otimiza o manejo a campo e permite ao produtor calcular quantas cabeças um piquete suporta ou quanto tempo ele pode deixar os animais em determinada área.
@ Tech – Investindo em inteligência artificial e aprendizado de máquina, a startup lançou o Beef Trader, software que diz para o pecuarista a melhor hora de vender seus animais confinados. Ele analisa dados gerados por sensores, câmeras de vídeo e balanças inteligentes e associa isso a informações de preço da arroba coletadas nos frigoríficos, informadas por usuários e parceiros.
Brazil Beef Quality – Se propõe a classificar e avaliar a qualidade das carcaças no frigorífico usando algoritmos que levam em conta também a opinião dos consumidores, ditada por análises sensoriais da carne. Na fase de pesquisas teve apoio da Fapesp e EsalqTec e, no momento, testa um mínimo produto viável (MVP, em inglês) em frigoríficos pequenos para entrar no mercado em 2019.
BovControl – Criada inicialmente em torno de um aplicativo que permite ao produtor gerir seu rebanho, a startup aumentou seu portfólio e hoje conta com outras soluções. Dentre elas, uma ferramenta para facilitar a bonificação dos funcionários da fazenda e outra para controlar o fluxo de caixa do negócio a partir de fotos das notas fiscais eletrônicas de compra e venda. Assim, de forma automática, o aplicativo extrai as informações e mostra na tela se a fazenda está no positivo ou negativo. Para acesso de um único usuário por fazenda, a ferramenta básica de gestão de rebanhos é gratuita, independentemente do número de animais.
Cowmed – Focada, de início, na pecuária leiteira, com o uso de uma coleira para monitorar o comportamento das vacas, identificar o cio e prevenir doenças, a startup se prepara para lançar um produto que analisará a resposta dos bovinos de corte à dieta fornecida no confinamento.
Ecotrace – Por meio do blockchain (conhecido como protocolo da confiança, pela transparência e segurança na comunicação de dados compartilhados), a empresa oferece um sistema de rastreabilidade para frigoríficos. Seu piloto está rodando no Marfrig de Tangará da Serra, MT, em parceria com o Instituto Mato-grossense da Carne, que chancela a procedência das carcaças com um selo do Estado de Mato Grosso.
Horus – Fabricante nacional de drones, a startup tem tecnologia para qualificar e quantificar problemas comuns nas pastagens, como degradação excessiva, solo exposto e infestação por ervas daninhas. O diagnóstico alerta o produtor sobre a real condição de seu pasto e serve de ferramenta para ajudá-lo a tomar decisões sobre a necessidade de ajuste da lotação e correção do manejo do solo.
Imeve Biotecnologia – Em parceria com a Unesp-Jaboticabal, a empresa desenvolve, produz e comercializa mais de 100 produtos veterinários com algum tipo de inovação, sendo a principal linha para gado de corte a de bactérias probióticas e de leveduras.
Inprenha Biotecnologia – Em parceria com a Faculdade de Farmácia da USP de Ribeirão Preto, a Inprenha desenvolveu um produto chamado Tolerana, que ajuda a diminuir perdas embrionárias e aumenta em 9 a 10% a taxa de prenhez em IATF (inseminação artificial em tempo fixo) e FIV (fertilização in vitro).
Jetbov – Consiste de um aplicativo e platafoma online pagos onde é possível gerenciar estoques, controlar a receita da fazenda e organizar todas as suas despesas acompanhando o custo absorvido por cada lote ou animal no pasto e confinamento. Cruzando as várias informações, a plataforma mostra três indicadores principais: lotação na fazenda, produção de @/ha/ano e lucro/ha/ano.
PersonalBov – Oferece tecnologia para pesagem de animais em balança instalada junto ao bebedouro do confinamento e um sistema web para acesso às curvas de crescimento dos lotes e indivíduos. Hoje, a estrutura física, considerada simplificada em relação a outras balanças do mercado, é instalada a preço de custo para a produtor associada à cobrança de uma taxa de monitoramento mensal por cabeça. A startup concorre com grandes players, como a Intergado, Coimma e Bosch.
TullTech – Em teste na Esalq-USP, o sistema da startup facilita o manejo de pastagens na medida em que acompanha a curva de crescimento do capim e emite um alerta para o produtor quando a forrageira atinge altura de entrada ou saída dos animais do piquete. O monitoramento é feito com base na interceptação luminosa da planta usando sensores e imagens de satélite.
Vet Smart – Disponibiliza, para iOS e Android, aplicativo gratuito com bulário de medicamentos e suplementos, além de uma biblioteca de doenças e raças para consulta do produtor e de seu médico-veterinário.
Fonte: DBO Rural