O eclipse solar anular 2023 foi visto no Brasil neste sábado, 14 de outubro de 2023. Nove estados, incluindo o Amazonas, puderam acompanhar o fenômeno completo.
Ao olhar para o céu, o disco solar ficou quase todo coberto e escuro, apenas com uma borda fina luminosa à vista, lembrando um anel.
O fenômeno é diferente de um eclipse total, quando a lua cobre completamente o disco solar, deixando apenas a coroa solar visível. Leonardo Almeida, doutor em Astrofísica, explicou o fenômeno astronômico.
“O eclipse anular ocorre quando a Lua, como vista a partir da Terra, parece menor que o Sol [no céu]. Assim, a Lua não cobre o disco solar totalmente, restando um anel luminoso no contorno da lua, daí a razão do nome ‘eclipse anular’”, explicou.
Com a ajuda de parceiros locais, e órgãos internacionais como Time and Date e a Nasa, o eclipse anular pôde ser visto numa faixa de 200 quilômetros, que foi da costa oeste dos Estados Unidos até o extremo leste do Brasil. A anularidade também foi vista no México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e Colômbia.
No Brasil, o eclipse anular ocorreu em estados localizados no Norte e Nordeste. Veja a lista :
Amazonas
Pará
Maranhão
Piauí
Ceará
Tocantins
Paraíba
Rio Grande do Norte e
Pernambuco.
No restante do país, o fenômeno foi parcial. O professor de física Ariel Adorno se emocionou ao acompanhar o eclipse em Juazeiro do Norte, na Universidade Federal do Ceará.
“Um eclipse igual a esse aconteceu em novembro de 1994 e, na época, eu morava em Goiânia. A razão de eu ter feito Física foi esse eclipse. A gente espera que, pela quantidade de pessoas atingidas hoje, esse eclipse também provoque mudanças nas vidas delas para o bem. Especialmente para o lado da ciência. Eu me emocionei algumas vezes. Chorei vendo hoje esse eclipse, lembrando de tudo o que eu passei até chegar aqui”, disse Ariel.
DÚVIDAS
Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional, coordenou a transmissão visualizada por milhares de pessoas, e esclareceu as principais dúvidas sobre o eclipse – notadamente se o fenômeno pode ser considerado raro.
“O que causa essa sensação de raridade é que, quando ele acontece, só pode ser visto em alguns lugares do planeta. Como a sombra da lua é pequena, só atinge a Terra em uma faixa estreita. E aí, poucas pessoas entram nesse caminho da anularidade ou da totalidade do eclipse. A maioria o vê como parcial. Mas ele ocorre de anos em anos, com alguma regularidade no planeta”, disse Josina.
Como referência, o último eclipse anular do sol aconteceu em junho de 2021, mas não foi visível no Brasil. E o próximo vai ser no 2 de outubro de 2024, também sem poder ser observado por aqui.
No Brasil, o fenômeno só vai voltar a ser visível no dia 6 de fevereiro de 2027 e, mesmo assim, só de forma completa no Rio Grande do Sul.
FOTOS PELO BRASIL
Pessoas de várias partes do Brasil registraram o eclipse solar anular em fotos.
Rio Grande do Norte
Um dos registros é do fotógrafo Marcelo Maragni, que passou os últimos quatro meses estudando e se preparando para alcançar a foto perfeita.
Marcelo Maragni fotografou o surfista Ítalo Ferreira, brasileiro que conquistou a primeira medalha de ouro olímpica do surfe, e também é campeão mundial.
Nas imagens, o surfista parece estar dentro de um ‘arco de fogo’. “Estar vivendo esse momento é surreal e muito simbólico, principalmente porque representa um dos arcos olímpicos e me lembra o quão especial foram às Olimpíadas para mim”, declarou o surfista.
O registro aconteceu no Rio Grande do Norte. Marcelo Maragni precisou de estudos científicos e equipamentos especializados para fazer as fotos.
Enquanto a posição do surfista precisava estar alinhada com o rápido momento em que a Lua se posicionava milimetricamente entre a Terra e o Sol; o fotógrafo, há aproximadamente 1 km de distância do surfista, teve de usar, além de sua câmera, rádios para comunicação, dois celulares, óculos de proteção e espelhos para conseguir fixar os olhos contra a luz do Sol e evitar o efeito sombra na imagem do atleta.
Para Marcelo Maragni foi um dos trabalhos mais desafiadores e complexos dos seus quase 25 anos de carreira.
Esse foi uma das fotos mais complexas que já fiz, foram trabalhosas tentativas de encontrar um local com a angulação de azimute, que é um ângulo em relação ao Norte e com uma inclinação específica de altura. Também usei dois celulares para simular um teodolito, que é um equipamento de medição de relevo; coloquei um filtro de densidade neutra na lente para diminuir a luz que entraria na câmera e usei espelhos para refletir a luz do Sol e iluminar o atleta e evitar o efeito de silhueta na imagem do Ítalo que o pôr do Sol costuma causar”, explicou o fotógrafo.
Amazonas
No Amazonas, Geovandro Nobre, astrônomo cidadão, fundador do Observatório Astronômico Rei do Universo (OARU), em Manaus, também registrou o fenômeno. “Fiz 149 fotos durante o evento”, destacou.
Ele produziu um timelapse – vídeo com a sequência de fotos. Assista, abaixo: