Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) investigaram os hábitos de higiene e práticas relativas à higienização, manipulação e armazenamento dos alimentos nas residências dos brasileiros. Os resultados mostram que uma parcela expressiva da população adota medidas inadequadas, estando, portanto, mais exposta a doenças transmitidas por alimentos (DTAs).
A pesquisa foi realizada com 5 mil pessoas de todos os Estados brasileiros (a maioria mulheres entre 25 e 35 anos e com renda entre quatro e dez salários mínimos).
Veja erros mais comuns:
1 - Lavar carnes na pia
Dentre os participantes, 46,3% disseram ter o hábito de lavar carnes na pia da cozinha, 24,1% costumam consumir carnes malcozidas e 17,4% consomem ovos crus ou malcozidos em maioneses caseiras e outros pratos.
Qual o erro? “Lavar carnes, especialmente a de frango, na pia da cozinha pode espalhar potenciais patógenos no ambiente, representando uma prática de risco”.
2- Servir carnes malcozidas
Qual o correto? O consumo de alimentos de origem animal malcozidos ou crus também apresenta risco microbiológico, já que o recomendado é cozinhar o alimento a uma temperatura mínima de 74 °C para garantir a inativação de patógenos que podem estar presente no produto cru. “Nem todo produto cru de origem animal contém microrganismos patogênicos, mas existe esse risco e o cozimento adequado garante que eles sejam eliminados ou reduzidos a níveis seguros".
Higienização de verduras
3 - Com respeito às práticas de higienização de verduras, 31,3% costumam fazer a higienização apenas com água corrente e 18,8% com água corrente e vinagre. Para higienização de frutas, 35,7% utilizam apenas água corrente e 22,7% também detergente.
Qual o correto? “Para a higienização segura de verduras, legumes e frutas que serão consumidos crus a recomendação é lavar com água corrente e utilizar uma solução clorada com um tempo de contato mínimo de 10 minutos, seguido de novo enxágue em água corrente. Vale ressaltar que vegetais que serão cozidos ou frutas que serão consumidas sem a casca não precisam passar pela desinfecção em solução clorada.
Compras de supermercados
4- Ao fazer compras em supermercados, a maioria dos participantes (81%) não utiliza sacolas térmicas para transportar alimentos refrigerados ou congelados até suas residências.
Qual o correto? Em um país como o Brasil, onde as temperaturas chegam facilmente a 30 °C em várias cidades durante o ano todo, é fundamental que os produtos perecíveis sejam transportados em condições adequadas, dentro de uma sacola térmica"
Sobras de alimentos
5- Com respeito às sobras de alimentos, 11,2% dos participantes relataram armazená-las na geladeira passadas mais de duas horas do preparo, o que representa risco à segurança dos alimentos.
Qual o correto? “Não é recomendado deixar alimentos prontos por mais de duas horas sem refrigeração, visto que a temperatura ambiente favorece o crescimento microbiano nesses alimentos. Essa é uma das principais práticas responsáveis por surtos de doenças de origem alimentar”.
Descongelamento de alimentos
6- Evidenciou-se também que era comum entre os participantes descongelar os alimentos em temperatura ambiente (39,5%) ou dentro de um recipiente com água (16,9%).
Qual o correto? "Os alimentos devem ser mantidos a uma temperatura segura durante o descongelamento, podendo ser realizado na geladeira ou no micro-ondas".
7- A maioria dos participantes (57,2%) relatou armazenar as carnes na geladeira utilizando a própria embalagem que contém o produto.
Qual o correto? De acordo com os pesquisadores, esta prática é questionável. "É preciso utilizar um recipiente adequado para evitar o gotejamento do suco da carne e a contaminação de outros alimentos estocados no refrigerador.
Depois de tudo isso, nas práticas atuais há uma notícia boa?
Sim, a boa notícia é que, em relação à temperatura dos refrigeradores, dos 1.944 registros coletados, 91% ficaram entre a faixa de temperatura recomendada de 0 a 10 °C. Esse dado é importante, pois pode ser utilizado em estudos de modelagem para prever a multiplicação de microrganismos nos alimentos refrigerados.
Para ver a cartilha completa, clique aqui:
(*) Com informações da Assessoria de Comunicação do FoRC/ Agência Fapesp