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Vegetação Nativa Pode Gerar R$ 4 Bilhões Anuais ao Agro Paulista Safra de soja no Brasil é estimada em recorde de 170,4 milhões de toneladas para 2024/25 (41 notícias)

Publicado em 19 de dezembro de 2024

Uma pesquisa inédita aponta que a recomposição de vegetação nativa nas proximidades de cultivos agrícolas pode aumentar em R$ 4,2 bilhões anuais a produção agrícola de São Paulo.

O estudo foi desenvolvido em parceria entre pesquisadores e gestores da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e revela ganhos econômicos significativos para culturas como soja, laranja e café.

A prática de restauração ecológica, que envolve o plantio de espécies nativas, beneficia diretamente a polinização realizada por abelhas, elevando a produtividade, o tamanho e a qualidade dos frutos. Os ganhos potenciais incluem R$ 1,4 bilhão para a soja, R$ 1 bilhão para a laranja e R$ 660 milhões para o café. Outras culturas permanentes, como abacate, manga e goiaba, poderiam gerar R$ 280 milhões adicionais, enquanto lavouras temporárias, como tomate, feijão e amendoim, contribuiriam com R$ 820 milhões.

O estudo detalha que a presença de matas nativas aumenta a frequência de visitas de polinizadores às flores das plantas cultivadas, intensificando os processos naturais que resultam em maior produtividade agrícola. “As abelhas que vivem nas matas nativas saem em busca de alimento nas lavouras, polinizando as flores e aumentando a produção”, explicou Eduardo Moreira, pesquisador da USP e coautor do estudo.

Conduzido pelo projeto Biota Síntese, o trabalho integra ciência e políticas públicas, reunindo esforços da USP, Semil e outras instituições. Os resultados foram apresentados ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), com destaque para a metodologia que permite a aplicação local das práticas de restauração em municípios paulistas.

Carlos Joly, professor emérito da Unicamp e coordenador do Biota Síntese, reforçou a importância do estudo. “Os serviços ecossistêmicos, como a polinização, são fundamentais, mas frequentemente subestimados. Esta pesquisa preenche uma lacuna ao evidenciar seu valor econômico e ambiental”, afirmou.

Durante o evento de lançamento do Biota Síntese, outro estudo apresentou avanços no Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). A iniciativa fortalece programas como Juçara, Guardiões das Florestas e Mar sem Lixo, além de destacar casos de sucesso, como o Conexão Mata Atlântica e o Crédito Ambiental Paulista.

Patrícia Ruggiero, pesquisadora da USP, enfatizou os benefícios sociais do PSA. “Além de aumentar a renda dos prestadores de serviços ambientais, essas políticas promovem maior engajamento nas ações de conservação e fortalecem as relações entre comunidades e gestores públicos”, explicou.

O projeto Biota Síntese reflete o compromisso do Governo de São Paulo em equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. As pesquisas receberam R$ 4,3 milhões em investimentos da FAPESP, consolidando o estado como referência nacional em sustentabilidade.

A safra de soja do Brasil para a temporada 2024/25 foi estimada em um recorde histórico de 170,41 milhões de toneladas, conforme relatório divulgado nesta quarta-feira pela consultoria Pátria AgroNegócios. A nova projeção representa um aumento superior a 4 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior, impulsionada pelas condições climáticas favoráveis às lavouras em todo o país.

O volume estimado para a safra de soja significa um crescimento de 15,3% em comparação com o ciclo anterior, que foi severamente prejudicado por secas em diversas regiões e enchentes no Rio Grande do Sul.

A consultoria também revisou para cima a estimativa da safra de milho no Brasil para 2024/25, projetando uma produção total de 129,27 milhões de toneladas. O número supera a previsão anterior de 127,55 milhões de toneladas e indica um avanço de 11,7% em relação à safra passada.

“No milho verão e milho segunda safra, os ajustes ocorreram principalmente na área cultivada”, destacou o relatório da Pátria AgroNegócios, que considera os novos números reflexo de melhorias nas condições agrícolas e expansão da área plantada.

Os dados reforçam a perspectiva de que o Brasil continuará a se consolidar como um dos maiores produtores e exportadores globais de grãos, com impacto significativo no mercado internacional.