O Brasil já ocupa um lugar privilegiado na pesquisa climática. Este cenário só tende a melhorar com a recente aquisição pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de um supercomputador.
"Temos 20 anos de experiência no assunto, nossos modelos produzem previsões de tempo e da tendência climática sazonal com bons índices de acerto, e agora temos também infraestrutura computacional", afirma o pesquisador do Inpe Carlos Nobre.
O novo supercomputador, adquirido por R$ 50 milhões, tem velocidade efetiva de 15 teraflops na aplicação de modelagem e deverá entrar em operação até o fim do ano.
A modelagem climática envolve milhares de variáveis - simulações repetidas que podem chegar, cumulativamente, a centenas de milhares de anos. Porém, segundo Carlos Nobre, o Brasil precisa aumentar o número de pesquisadores que atuam neste campo: "Este é o maior desafio para que o país continue crescendo na área".
Nobre, que é membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, destaca a complexidade das pesquisas climáticas, que envolvem áreas do conhecimento como física, química, biologia e hidrologia, além de conhecimento sobre influência do solo, da vegetação, dos oceanos e da própria atmosfera: "Desenvolver um modelo computacional para simulações climáticas que considere cenários futuros e projeções para vários anos é uma tarefa muito complexa e requer mão de obra qualificada".
Segundo Nobre, formar novas gerações de pesquisadores em clima e ter autonomia nessa área é estratégico para um país que baseia boa parte de sua economia em agricultura e lidera a produção de bioenergia, com o etanol.
O país conta com pouco mais de meia centena de profissionais especializados na construção de modelos climáticos.
"O que temos hoje é uma massa crítica mínima", lamenta Nobre. "Queremos triplicar esse número dentro de dez anos".
Com Agência Fapesp