O Vale do Paraíba terá 80% a mais de raios e trovoadas até 2048, segundo pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
No caso de São José, cidade com mais raios na região, significa saltar de 10 mil raios por ano, em média, para 18 mil. Taubaté passaria de 5,6 mil para 10 mil e Jacareí, de 5.000 para 9.000. Aumenta, também, o risco de morte.
Os pesquisadores fizeram projeções que identificaram mudança no padrão climático que influencia a incidência de raios no estado de São Paulo.
O resultado foi publicado na revista científica American Journal of Climate Change.
“Dá para notar uma mudança de padrão, ocasionando uma maior incidência de descargas. Essa alteração é atribuída principalmente às mudanças climáticas que vêm influenciando de diversas formas a maior incidência de raios”, declarou Ana Paula Santos, a autora principal do estudo, em entrevista à agência Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo), que é apoiadora do estudo.
Segundo a pesquisadora, há relação entre as mudanças climáticas e a formação de nuvens, principalmente as do tipo cumulonimbus (verticais), que favorecem as descargas elétricas. O aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, por exemplo, influencia o maior desenvolvimento dessas nuvens.
“Durante os movimentos ascendentes e descendentes do ar, o granizo e os cristais de gelo que estão dentro da nuvem começam a se chocar e é isso que, dentre outros fatores, gera a descarga”, afirmou Ana Paula à Fapesp.
Para projetar a incidência de raios, os pesquisadores se basearam nas projeções climáticas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) que levam em conta a temperatura de superfície do mar e a formação de nuvens, entre outros.
“O estudo é o primeiro a identificar de forma quantitativa um aumento na incidência de raios no Estado em função das mudanças climáticas”, disse Osmar Pinto Junior, coordenador do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe e coautor do estudo.