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Vale investe para não ficar sem energia

Publicado em 30 dezembro 2009

A geração de energia no Brasil é uma preocupação e pode se tornar até um obstáculo para a Vale alcançar o desejado posto de maior mineradora do mundo nos próximos anos. A empresa consome 4,5% de toda a energia brasileira nas atividades em que desempenha e prevê dobrar a demanda com os seus projetos de expansão. Na última semana, a companhia assinou um acordo de cooperação com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para apoiar a pesquisa científica e a inovação nos setores de energia e de biodiversidade. Cada instituição deverá investir cerca de R$ 40 milhões.

O presidente do Instituto Tecnológico Vale (ITV), Luiz Eugênio Mello, reconhece que as pesquisas em energia são fundamentais para o êxito da empresa no futuro. Além de garantir as operações da Vale diante de riscos de apagões, Mello aponta que a busca por uma matriz limpa de energia é um dos objetivos da empresa. Embora não mantenha áreas produtivas em São Paulo, a empresa buscou parceria com o estado, pois os paulistas são responsáveis por mais da metade da capacidade científica do País.

Novas fontes de energia e métodos para a redução do consumo também estão na ponta da língua do presidente da Vale, Roger Agnelli. Ele ressalta que "o mundo mudou e que é preciso repensar todo o processo produtivo e as tecnologias hoje utilizadas". Agnelli calcula que a empresa irá trabalhar no limite de sua capacidade em 2010 e já planeja vôos maiores para os próximos anos. "O consumo de minério está subindo forte. Estamos trabalhando em plena carga. Vamos conversar com todos os clientes e avaliar como encaminhar os negócios".

Ele avalia que a tendência da demanda e do preço do minério de ferro é de alta e que a Vale precisa estar preparada para atender aos anseios mundiais. Pode, segundo o executivo, até mesmo faltar minério de ferro de qualidade para a produção de aço. "O mercado está muito apertado, muito justo. Minério de alta qualidade como o nosso está mais escasso ainda e talvez falte. Há outros tipos de minério para os quais a produção fica mais viável, mas é uma produção muito mais cara. Se precisar e faltar, vai ter que pagar".

Sobre o método para estipular os preços diante dos clientes, Agnelli observa que o melhor é que a forma seja definida pelos próprios comprados. O pagamento por meio de contratos anuais é mais vantajoso para a Vale porque proporciona maior estabilidade aos negócios, mas o presidente diz que "tanto faz", desde que o preço pela produção seja justo.

Siderúrgicas

Agnelli entende que há espaço para a construção de grandes siderúrgicas no Brasil. De acordo com ele, a Vale mantém conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) há "sete ou oito anos" no sentido de incentivar o financiamento para a construção desses empreendimentos. "O debate é grande se tem mercado ou se não tem mercado [para novas siderúrgicas]. Eu acho que tem mercado. É importante viabilizar parcerias porque os investimentos iniciais são muito grandes. O BNDES tem que financiar isso".