Clovis Artur Almeida da Silva, professor titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que a vacinação é importante principalmente para crianças que tenham doenças crônicas, como as reumáticas
A vacina contra a covid-19 é uma importante aliada para proteger as crianças de sequelas da infecção, a chamada covid longa . A afirmação é de Clovis Artur Almeida da Silva, professor titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP.
Durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Goiânia (GO) na última semana, o professor destacou que a imunização é importante principalmente para crianças que tenham doenças crônicas, como as reumáticas. “As vacinas mostraram segurança e resposta imune adequada, inclusive nos pacientes reumáticos e que tomam imunossupressores. Mesmo que eles tenham taxas menores de resposta, as vacinas são adequadas para combater a infecção viral”, disse o médico.
A covid longa é definida como qualquer sintoma persistente após três meses da infecção pelo coronavírus ou pelas complicações que surgem após uma infecção pelo vírus. Associados a esse quadro podem surgir problemas sérios, como as miocardites (inflamação no músculo que bombeia o coração), os impactos emocionais e as dificuldades na aprendizagem. “O vírus agride o cérebro e leva a sequelas. Leva à ansiedade e depressão também . Mas ainda não está claro quanto tempo dura isso [esses impactos] ”, acrescentou o especialista.
Um estudo feito no Instituto de Pediatria do Hospital das Clínicas da USP e publicada na revista Clinics identificou sintomas prolongados da covid-19 em 43% crianças e adolescentes três meses após a infecção. Os sintomas mais presentes foram dores de cabeça, reportadas por 19% do total de pacientes. Dores de cabeça fortes e recorrentes foram a queixa de 9% — o mesmo percentual disse ter cansaço. A falta de ar afetou 8% e a dificuldade de concentração, 4%.
O professor explicou que, nesse estudo, cerca de 80% dessas crianças já apresentavam, antes da infecção, problemas crônicos como doenças reumatológicas, renais e oncológicas. Esse trabalho também identificou que as crianças que tiveram covid passaram a apresentar mais dificuldades de aprendizado do que as crianças que não tiveram a doença. “As crianças e adolescentes que tiveram covid tinham significativamente valores menores do domínio escolar de aprendizado, mostrando que esses pacientes, possivelmente, vão ter impacto no rendimento escolar , no aprendizado escolar”.
Para prevenir a covid-19 e a covid longa, o especialista reforça a importância de vacinar as crianças. Vale lembrar que os imunizantes estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional.
No entanto, a cobertura vacinal das crianças contra a doença ainda é muito baixa. Segundo boletim do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em agosto deste ano, apenas 11,4% das crianças brasileiras entre 6 meses e 5 anos tomaram ao menos duas doses da vacina contra a covid-19 . “Já há estudos mostrando que a vacina diminuiu a covid, diminuiu a covid longa e que, quem tinha covid longa, melhorou mais rápido com a vacina. A grande questão é: vacine. Se tiver novas doses e novas vacinas, continue sendo vacinado”, orientou o professor.
Com informações da Agência Brasil